Vacina não será principal estratégia do governo para a dengue, que foca no combate ao mosquito
Novo plano de combate a doença será lançado até 10 de setembro focado em combate a vetores e uso de novas tecnologias
O novo plano de combate a dengue no Brasil deve ser lançado até 10 de setembro pelo Ministério da Saúde focado em combate ao mosquito e uso de novas tecnologias.
Em 2024, os casos da doença provocaram uma crise no ministério e chegaram ao pico entre janeiro e abril.
A vacinação não será a principal estratégia para conter o avanço da doença em 2025, mas pode ser que venha a ser em 2026, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
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— Vai depender do desenvolvimento da vacina do Butantan. E nós vamos continuar aquele compromisso, podendo aumentar a da Takeda, certamente aumentaremos — afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade em café com jornalistas nesta quarta-feira em Brasília.
A vacina da dengue de dose única desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos oferece uma proteção de 67,3% contra a infecção e de 89% contra casos graves.
Os dados são de estudos clínicos de fase 3, que foram recém-publicados na revista científica The Lancet Infectious Diseases.
A expectativa do instituto paulista é submeter um pedido de aprovação do uso da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim deste ano.
Em 2024, o Ministério da Saúde ofereceu a vacina contra a dengue Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda.
As doses foram ofertadas para públicos específicos e vendidas em laboratórios privados devido a baixa quantidade de oferta do imunizante.
De acordo com a ministra, o ministério não irá esperar ter respostas quanto ao desenvolvimento e aprovação de vacinas para iniciar o controle de vetores do mosquito:
— Este ano nós estamos com o plano praticamente pronto, faltando alguns ajustes, mas estamos aguardando um pouco a própria definição de cenários. Nós temos alguns grupos, o InfoDengue (sala de monitoramento da doença), que faz esse acompanhamento da dengue cotidianamente e ainda faltam alguns dados de algumas variáveis que eles usam para montar esse cenário. Por exemplo, quais sorotipos vão estar circulando mais — explica Nísia.
Um dos métodos em estudo que deverão ser usados como novas tecnologias é o método Wolbachia, que consiste em liberar mosquitos que não transmitem a dengue nas cidades.
A técnica introduz Wolbachia na região onde há mosquitos Aedes aegypti. Eles não transmitem o vírus que causa dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Uma vez liberados nos bairros, com a reprodução natural, a população de Aedes aegypti nestas regiões será gradativamente substituída, de forma autossuficiente e sustentável, por mosquitos incapazes de causar estas doenças. As solturas não oferecem riscos.
—Não existe estratégia mágica, você tem que combinar essas estratégias, preparar as equipes de saúde e além do guia de manejo clínico, que nós já atualizamos, também fortalecer a rede, porque muitas ações se dão na atenção básica, hidratando e evitando que os casos se agravem quando a pessoa contrai a dente. O plano vai lidar com todas essas dimensões, como prevenir e como cuidar — disse Nísia.