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Vacinação contra Covid-19

Vacinação contra Covid-19 em lactantes não causa riscos ao bebê

Até agora, especialistas e pesquisas indicam que as vacinas são seguras para as lactantes

Vacinação contra Covid-19 Vacinação contra Covid-19  - Foto: Myke Sena/MS

A rapidez com que as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas, testadas e começaram a ser aplicadas pode deixar algumas mães que amamentam com dúvidas sobre a segurança delas para os bebês e sobre o que exatamente passa para o leite depois da imunização.

Nesta semana do aleitamento materno, a reportagem tira dúvidas sobre a relação entre esta prática e a imunização, já que, com o avanço da vacinação, cada vez mais lactantes veem chegar sua vez de mostrar o braço.

Até agora, especialistas e pesquisas indicam que as vacinas são seguras para as lactantes. Por outro lado, estudos apontam que vacinar as lactantes não imuniza de forma permanente o bebê, apesar de anticorpos da mãe passarem para o leite e ajudarem na proteção temporária da criança.


Algo que causa preocupação em algumas mulheres é o fato de que parte das vacinas usa o chamado mRNA ou RNA mensageiro. É o caso das vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna (não disponível no Brasil).

Estudo publicado recentemente no periódico Jama Pediatrics, feito pelas pesquisadoras Yarden Golan, Mary Prahl e Ariana Cassidy, da Universidade da Califórnia (EUA), aponta que há pouco risco de nanopartículas de RNA mensageiro entrarem no tecido mamário ou serem transferidas para o leite.

As pesquisadoras analisaram amostras de leite pós-vacinação de sete mulheres, coletadas de 4 a 48 horas após a aplicação das vacinas da Pfizer ou da Moderna.


Apesar do número pequeno de participantes, a análise revelou que nenhuma delas apresentou níveis detectáveis de RNA mensageiro. As pesquisadoras apontaram ainda que, mesmo que traços do RNA sobrevivam, provavelmente seriam destruídos ao passar pelo trato gastrointestinal dos bebês.

De acordo com Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacina para a lactante é tão segura quanto para qualquer outra pessoa.

"Não é um grupo que tenha um risco específico para a vacina. Um erro que tem acontecido bastante é a contraindicação da amamentação para a mulher que se vacinou. Isso é um erro grave, porque não existe essa contraindicação."

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que as lactantes sejam vacinadas e não aconselha parar a amamentação após a imunização.

Segundo especialistas, as quatro vacinas usadas no Brasil são inativadas, ou seja, não há material vivo dentro delas, mas sim um pequeno trecho do código genético do coronavírus. Portanto, não apresentam riscos para o bebê.
"Não são vacinas [contra Covid] de componentes vivos, então, a princípio não há nenhuma plausibilidade biológica de causar algum dano", diz Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Outras duas pesquisas publicadas no periódico Jama (Journal of the American Medical Association) apontaram que existe a transferência de anticorpos contra a Covid pelo leite de mães vacinadas.

Um dos estudos, feito por Ai-ris Collier, da Escola de Medicina da Universidade Harvard (EUA), envolveu 103 mulheres, 30 das quais estavam grávidas e 16 amamentando, que tomaram as vacinas da Pfizer ou da Moderna.


A imunogenicidade (produção de resposta imune) foi demonstrada em todas as mulheres e os anticorpos produzidos pela vacina foram encontrados no sangue do cordão umbilical e no leite. Elas desenvolverem respostas imunes contra variantes alfa (identificada originalmente no Reino Unido) e beta (identificada na África do Sul).


Uma terceira pesquisa, de Sivan Haia Perl, do Centro Médico Shamir em Israel, também analisou os anticorpos específicos para o Sars-CoV-2 no leite materno após a vacinação. Ao todo 84 mulheres participaram do estudo, fornecendo 504 amostras de leite.


Elas receberam duas doses da Pfizer com 21 dias de intervalo. As amostras foram coletadas antes da aplicação da vacina e, depois, uma vez por semana durante seis semanas, começando na segunda semana após a primeira dose.


O estudo encontrou quantidade significativa de anticorpos IgA (imunoglobulina da classe A) e IgG (imunoglobulina da classe G) específicos para Sars-CoV-2 no leite materno durante seis semanas após a vacinação.


Isabella Ballalai explica que a mãe vacinada não transfere a imunização para o bebê pelo leite, mas sim anticorpos.

Segundo Renato Kfouri, esses anticorpos transmitidos pela mãe produzem uma imunidade temporária. Por não serem do bebê, eles ficam no corpo da criança por algum tempo e são eliminados.

"Não há nenhuma evidência de que vacinar a mãe protege da Covid-19 o bebê", diz ele.


De acordo com Kfouri, a vacinação para a mulher que amamenta é essencial e segura, e não há nenhuma recomendação da comunidade científica indicando que a lactante não deva se vacinar.

Caso a lactante venha a se infectar, especialistas indicam que ela pode continuar amamentando, desde que tenha todos os cuidados de prevenção da transmissão.

"A Covid não é transmitida pelo leite materno, mas sim por via respiratória. Essa mãe vai ter que usar máscara e ter todo um cuidado de higiene das mãos e das mamas", diz Isabella Ballalai.

 



Tire dúvidas

Há risco para o bebê que mama no peito caso a mãe se vacine?

Pesquisas e especialistas apontam que não. As vacinas aplicadas no Brasil são feitas com vírus inativado, ou seja, não há vírus vivo no imunizante. Nas vacinas de mRNA, este não passa para o leite.

Os anticorpos da mãe passam para o bebê pelo leite?

Estudos apontam que sim, já que os anticorpos são identificados no leite.

Isso significa que o bebê também é vacinado quando a lactante se vacina?

Especialistas acreditam que não; o bebê recebe anticorpos da mãe que o protegem por algum tempo, mas não forma sua própria resposta imunológica.

Posso amamentar se estiver com Covid-19?

Sim. A mãe deve usar máscara e higienizar bem as mãos e as mamas; o vírus não é transmitido pelo leite.

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