Vacinados, idosos de asilos de Madri vão a teatro em primeira saída em um ano
Esses idosos encarnam a esperança de um retorno à vida normal, apesar de respeitarem a distância de segurança e usarem máscaras
É a sua primeira saída em um ano. Cerca de 100 idosos de várias casas de repouso em Madri, que acabam de ser vacinados, foram ao teatro, nesta quarta-feira (24), uma experiência emocionante para esses pioneiros da imunização.
Com as unhas pintadas, cabelos cuidadosamente penteados e seu casaco de pele, Milagro Fernández, de 98 anos, se junta à excursão. Ela chega ao salão do lar onde mora entre aplausos: a equipe não perderia este momento por nada no mundo. Milagro superou a Covid-19 na primavera passada.
Ela embarca em um ônibus com outros três colegas, Antonio Alonso, de 87 anos, Concha Martínez, de 90, e José Tellez, de 92 anos e que diz à diretora da casa: "Obrigado pelo 'tour'!"
Eles se dirigem para a Gran Vía, a "Broadway" de Madri.
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"Depois vamos comer em algum lugar?", convida José, muito empolgado com esta primeira saída em tanto tempo.
Um ano sem poder sair de casa. Um ano sem ver Madri e suas ruas movimentadas.
Laura Egea, a diretora do lar de idosos, afirma que teria adorado acompanhá-los. Ela enxuga algumas lágrimas quando se lembra das "dezenas" de residentes, de um total de 180, que não sobreviveram. "Um luto" que ainda não acabou.
No início de dezembro, o governo espanhol estimou que entre 47% e 50% dos falecimentos na primeira onda da pandemia foram registrados em lares de idosos. O país contabilizou até agora mais de 68.000 mortes no total.
Esperança
Dentro do ônibus, eles não param de falar. Um deles aponta para o salão de beleza que costumava ir, outro recomenda restaurantes, um terceiro dá dicas ao motorista.
Em frente ao teatro EDP Gran Via, dezenas de outros ônibus já estão estacionados. Com precaução, eles abaixam suas cabeças grisalhas enquanto descem do veículo.
O teatro convidou 150 aposentados vacinados de sete casas de repouso de Madri e 50 enfermeiros, também imunizados, para o show humorístico do ator Santi Rodríguez.
O verdadeiro espetáculo, no entanto, não está em cima do palco. A imprensa, que veio em massa, se reúne para eternizar o momento.
Esses idosos encarnam a esperança de um retorno à vida normal, apesar de respeitarem a distância de segurança e usarem máscaras.
Conchita olha ao redor: "É estranho ver tanta gente. Que haja união, somos muitos". Com um sorriso estampado no rosto, Milagro senta na cadeira de veludo vermelho.
O espetáculo vai começar.
"Já era hora"
Meia hora de piadas e gargalhadas iluminam esta manhã de fevereiro, mais de um ano depois do começo da pandemia.
Na saída, Antonio resmunga sobre a fila para ir ao banheiro. Já Milagro tem os olhos brilhando: "Pouco a pouco, vamos desfrutar de tudo outra vez", disse. E então fica em silêncio, dominada pela emoção.
Clotilde Frías, a representante da residência autorizada a acompanhá-los, disse ser "a mais emocionada dos cinco".
"Estamos muito felizes por ter saído. Depois de um ano e 10 dias, já era hora, não?", comenta.
Para os mais velhos, "é uma injeção de vitalidade, de ilusão, de otimismo tremendo", estima, e diz esperar que esse seja apenas o começo de voltar a fazer o que eles tanto gostam: "sair, comer e nos divertir".
Até o momento, a Espanha vacinou 1,2 milhão de pessoas, em uma campanha que começou em dezembro com as casas de repouso.