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Coronavírus

Variante delta pode exigir intervalo mais curto entre doses de vacina, sugere estudo

Vacinas com menos de 50% de eficácia na primeira dose precisam de um intervalo menor de aplicação do que vacinas com taxas de eficácia maiores

Teste de coronavírusTeste de coronavírus - Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Em regiões de prevalência da variante delta do novo coronavírus, o intervalo entre doses de vacina contra a Covid-19 precisa ser inferior a 12 semanas para que se tenha um controle efetivo da pandemia. É o que sugere um modelo desenvolvido pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) a partir de dados preliminares da eficácia da vacina da AstraZeneca para a variante delta.

A ferramenta está descrita em artigo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). A tecnologia – criada pelo grupo ModCovid-19, que abrange pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP) – projeta um tempo seguro e ideal entre doses para controle da pandemia, a partir de dados de eficácia de vacinas.

O trabalho do ModCovid-19 mostra que vacinas com menos de 50% de eficácia na primeira dose precisam de um intervalo menor de aplicação do que vacinas com taxas de eficácia maiores. Alimentada com estudos prévios sobre eficácia dos imunizantes, a tecnologia indica quando é possível adiar as doses e quando se atinge o máximo possível de proteção.

“O próprio algoritmo decide quando é melhor aplicar a segunda dose, levando em conta a primeira, de maneira a controlar o mais rápido possível a pandemia”, explica Paulo José da Silva e Silva, coautor do estudo e professor da Unicamp, em entrevista à Assessoria de Comunicação da CeMEAI. Por isso, a ferramenta disponível on-line pode ajudar na tomada de decisão durante o processo de imunização da população brasileira e de outros países.

O professor lembra que, quando o artigo foi escrito, em fevereiro de 2021, a principal pergunta era se valeria a pena adiar a segunda dose e qual a maneira mais segura de se fazer isso, em virtude da quantidade limitada de doses. Nesse sentido, o estudo teve como base a vacina da AstraZeneca e concluiu que a diferença no percentual de eficácia entre a primeira dose e a segunda era muito pequena e, por isso, valeria a pena esperar e vacinar mais gente com a primeira dose.

Ferramenta tem potencial para auxiliar gestores a planejar a melhor estratégia de imunização de acordo com a vacina disponível e as cepas predominantes do Sars-CoV-2 em cada região (Foto: CeMEAI/Divulgação)

Agora, com o avanço da variante delta em algumas regiões do Brasil e do mundo, as estratégias de vacinação podem ser revistas a partir desse modelo.

“Com a publicação do artigo na PNAS, esperamos que a tecnologia que desenvolvemos se torne mais acessível e possa chegar a vários países e tomadores de decisão. Deixamos o código totalmente disponível na internet e nos disponibilizamos também para ajudar qualquer pessoa que queira usar. Nosso trabalho desenvolve e implementa a metodologia que pode analisar a situação em diferentes locais. Desenvolvemos um modelo que não é só para o Brasil, ele é uma contribuição para a ciência e é uma tecnologia que pode ser usada no futuro, não apenas para a Covid-19”, finalizou Silva.

O artigo Optimized delay of the second Covid-19 vaccine dose reduces ICU admissions pode ser lido em: www.pnas.org/content/118/35/e2104640118.

 

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