Variante Delta provoca recorde de novos casos de Covid-19 em Moscou
Foram registrados 9.056 novos casos em 24 horas, um recorde e o triplo do nível registrado há menos de duas semanas
A propagação da variante Delta do coronavírus em Moscou provocou um aumento expressivo de casos na capital da Rússia, com um recorde nesta sexta-feira (18), o que obrigou as autoridades a adotarem medidas para os eventos públicos - entre elas, o fechamento de uma área para torcedores da Eurocopa.
Em Moscou, foram registrados 9.056 novos casos de covid-19 em 24 horas, um recorde desde o início da epidemia e o triplo do nível registrado há menos de duas semanas.
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Quase 90% dos novos casos na capital russa são provocados pela variante Delta do coronavírus, anunciou o prefeito da capital russa, Serguei Sobianin, nesta sexta, o que explica a virulência da atual onda da pandemia.
"Segundo os últimos dados que recebemos, 89,3% dos pacientes estão infectados por um coronavírus que sofreu mutação, denominado Delta, a variante indiana. É mais agressivo, se propaga mais rápido", afirmou Sobianin.
Com 17.262 contágios diários em todo país, a Rússia está no ponto mais elevado desde 1º de fevereiro, de acordo com estatísticas do governo publicadas nesta sexta-feira.
O país registrou 453 novas mortes, o maior número desde 18 de março. Moscou perdeu 78 vidas, ainda de acordo com informações divulgadas pelo governo russo.
O aumento é atribuído a uma campanha de vacinação muito lenta, devido à desconfiança dos russos em relação às vacinas desenvolvidas no país, assim como à ausência de restrições há vários meses, ao surgimento de variantes mais contagiosas e ao descumprimento das regras de distanciamento social e do uso de máscara.
"Não queria fazer"
Diante desta situação, as autoridades moscovitas começaram a voltar a adotar restrições.
"Vamos suspender os grandes eventos de entretenimento durante algum tempo. Também temos que fechar durante algum tempo os salões de dança e a área dos torcedores", que fica dentro do complexo olímpico de Luzhniki, anunciou o prefeito Sobianin.
A Rússia recebe sete partidas da Eurocopa, todas na cidade de São Petersburgo (nordeste), onde a pandemia também regista alta de casos.
"Não queria fazer, mas tenho que fazer. A partir de hoje, os eventos de entretenimento se limitam ao máximo de mil pessoas", declarou Sobianin.
A prefeitura de Moscou prorrogou até 29 de junho o fechamento, nos fins de semana, dos pontos de venda de alimentos nos centros comerciais, dos zoológicos e de todas as instalações dos parques públicos, assim como de áreas infantis e instalações esportivas.
Bares e restaurantes deverão permanecer fechados das 23h às 6h.
O prefeito decidiu, porém, acabar com o período de recesso trabalhista decretado de 15 a 20 de junho para frear a pandemia.
Na quarta-feira (16), decretou vacinação obrigatória de todos os trabalhadores do setor de serviços. Quase 60% deles, ou seja, dois milhões de pessoas, terão de ser vacinados até 15 de agosto.
Em São Petersburgo, as medidas restritivas continuam limitadas, e o uso de máscara é bastante aleatório, enquanto a cidade recebe dezenas de milhares de torcedores para a Eurocopa.
"Parece que as autoridades estão minimizando o perigo. Não divulgam muitas informações para não prejudicar a Eurocopa. Temo que a situação vá piorar depois", disse à AFP Elena Yakovleva, de 50 anos, uma moradora da cidade.
Durante quase um ano, o Estado e a imprensa estatal destacaram a boa gestão da crise sanitária por parte das autoridades e os bons resultados da Sputnik V, uma vacina desenvolvida pela Rússia e disponível há mais de seis meses.
Apesar dos apelos das autoridades, os russos não comparecem para tomar a vacina, em um contexto de desconfiança entre uma população marcada por décadas de propaganda soviética e depois russa, assim como pelos cortes orçamentários no setor de saúde.
Desde dezembro, apenas 19,4 milhões de russos, de um total de 146 milhões, receberam ao menos uma dose, de acordo com o site Gogov, que compila os números das regiões e dos meios de comunicação. Não há estatísticas nacionais oficiais.
Em Moscou, 1,8 milhão de pessoas receberam ao menos uma dose, de uma população de entre 12 e 13 milhões de habitantes.
Na quinta-feira (17), a Rússia se tornou o país com mais mortes da Europa, com 128.445 vítimas fatais, segundo o governo.
A agência de estatísticas Rosstat, que aplica uma definição mais ampla das mortes relacionada à covid-19, contabiliza pelo menos 270.000 óbitos desde o início da pandemia.