Veja quais brasileiros já tiveram campanha pelo Nobel da Paz
Apesar do Brasil nunca ter recebido um prêmio Nobel em 122 anos, 17 brasileiros já foram indicados por sua atuação em prol da paz
Maria da Penha, Irmã Dulce e Chico Xavier são alguns dos brasileiros que, no passado, figuraram na prestigiada lista de indicados para o Nobel da Paz, cuja cerimônia de consagração do vencedor deste ano será realizada nesta sexta-feira em Oslo, capital da Noruega. Nos 122 anos de história do prêmio, o Brasil nunca chegou a ter um laureado em uma das categorias, mas 17 pessoas e uma instituição do país já foram nomeados por sua atuação em prol da paz.
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Extraoficialmente, no entanto, nomes como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já receberam apoio para a indicação ao prêmio. Em 2018, quando Lula teve o habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foi preso em Curitiba na sequência, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, agraciado com o Nobel da Paz em 1980, disse que faria uma campanha para o petista. Em uma postagem nas redes sociais, na qual usou a hashtag #NobelparaLula, o laureado destacou os programais sociais criados durante a sua gestão, como Bolsa Família e Fome Zero. No ano seguinte, movimentos sociais de esquerda, como a Central Única de Trabalhadores (CUT), mobilizaram um abaixo-assinado entoando a indicação de Lula.
Seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, também já teve campanha para receber a honraria em 2020. A hashtag #JairNobeldaPaz foi um dos assuntos mais comentados no X, antigo Twitter, na época, o que levantou uma série de críticas por parte de pessoas contrarias à sua gestão da pandemia de Covid-19.
Conheça alguns dos brasileiros indicados ao Nobel da Paz
Afrânio de Melo Franco
O diploma e político mineiro é o brasileiro que mais recebeu indicações ao Nobel da Paz: 46 vezes, em três anos diferentes, 1935, 1937 e 1938. Ministro das Relações Exteriores de 1930 a 1934, atuou diretamente na resolução de conflitos na América do Sul como a Guerra do Chaco (1932-1935), entre Bolívia e Paraguai, e do porto de Leticia, entre Peru e Colômbia, em 1932.
Osvaldo Aranha
Diplomata, político e advogado, Osvaldo Aranha foi presidente da Assembleia Geral da ONU em 1947, quando atuou para a criação do Estado de Israel naquele mesmo ano. Seus esforços para mediar a situação entre judeus e palestino levou não só à sua indicação para o Nobel da Paz em 1948, como também é o motivo pelo qual o Brasil até hoje é o primeiro país a discursar na Assembleia Geral.
Josué de Castro
Médico, professor, geógrafo, cientista social e político — para citar apenas alguns —, Josué de Castro ganhou notoriedade internacional por suas contribuições para o combate à fome no mundo a partir de seus estudos sobre o Nordeste brasileiro. Foi presidente do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), além de embaixador do Brasil na ONU. Seu trabalho motivou uma forte campanha para que fosse indicado ao Nobel da Paz, o que acabou acontecendo em cinco anos diferentes: 1953, 1963, 1964, 1965, 1970.
Chico Xavier
Uma das maiores campanhas por um nome para o Nobel da Paz foi o do líder espírita Chico Xavier, autor de mais de 450 livros e uma das personalidades mais admiradas no país, conhecido pelo seu altruísmo. Na época, o abaixo-assinado em prol da sua candidatura recebeu mais de 2 milhões de assinaturas, fazendo com que fosse indicado para o prêmio duas vezes seguidas, em 1981 e 1982.
Irmã Dulce
Outra liderança religiosa indicada ao Nobel da Paz foi Irmã Dulce, canonizada em 2019 pelo Papa Francisco, o que a tornou a primeira santa da Igreja Católica nascida no Brasil. A freira natural de Salvador ficou conhecida por sua obra de caridade aos mais pobres. Em 1988, foi indicada pelo então presidente José Sarney ao prêmio.
Herbert de Souza
O sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro Herbert de Souza, mais conhecido como Betinho, foi indicado ao Nobel da Paz em 1994 após uma campanha que contou com o apoio de mais de 20 mil brasileiros e diversos deputados. Sua candidatura foi levada pelo presidente à época, Itamar Franco, mas acabou sendo protocolada duas vezes, já que o então governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury, o nomeou logo depois.
Zilda Arns
A médica Zilda Arns — irmã do também nomeado ao Nobel da Paz, Dom Paulo Evaristo Arns — foi indicada ao prêmio em 2006 por seu trabalho como fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Maria da Penha
Inspiração para a lei Lei nº 11.340/ 2006, que tipificou o crime de violência contra a mulher no Brasil, a farmacêutica Maria da Penha foi indicada ao Nobel da Paz em 2017 pela sua atuação em prol dos direitos das mulheres no país. Após sofrer duas tentativas de homicídio do marido nos anos 1980, ela lutou por 19 anos na Justiça para ele fosse punindo, chegando a levar o caso à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. Hoje, a legislação que leva seu nome é considerada uma das mais avançadas no mundo sobre violência doméstica.