Procurador-geral da Venezuela diz que acidente de Lula foi 'farsa' para barrar país no Brics
Aliado do presidente Maduro, Tarek William Saab alega que brasileiro, que já recebeu alta da equipe médica para trabalhar, apareceu 'sorridente e ileso' em vídeo
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, questionou neste sábado (26) o acidente doméstico sofrido pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o acusou de usar o evento como "álibi" e "engano" para impedir a inclusão do país sul-americano entre os parceiros do Brics em reunião de cúpula realizada em Kazan, na Rússia.
"Fontes diretas e próximas do Brasil me informam que o presidente Lula da Silva manipulou um suposto acidente para usá-lo como álibi para não comparecer à recente cúpula do Brics, e que essa versão não passou de uma farsa para perpetrar o veto contra a Venezuela", afirmou em um comunicado divulgado nas redes sociais.
O presidente brasileiro cancelou a viagem à Rússia para a cúpula do Brics durante esta semana por recomendação médica após sofrer um acidente doméstico em que bateu a nuca e precisou receber cinco pontos. Três dias após o acidente, a equipe médica indicou que o presidente está em situação "estável" e "apto" para exercer a rotina de trabalho.
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Nesta sexta-feira (25), ele apareceu com pontos na nuca. Por causa do acidente, Lula também cancelou uma viagem que faria à Colômbia na semana que vem para participar da COP da Biodiversidade em Cali. Na reunião em Kazan, na Rússia, o presidente foi representado pelo chanceler Mauro Vieira.
“O que era um forte boato, infelizmente parece ser corroborado por um vídeo divulgado ontem, onde o presidente Lula é visto saudável, usando suas faculdades e agindo com total cinismo (...) Lula reapareceu sorridente e ileso, mostrando que ele usou esse 'acidente' para mentir para o Brasil, os Brics e o mundo inteiro, fato pelo qual ele deve ser investigado”, disse Saab.
Contexto: Por que o Brasil fechou as portas do Brics para a Venezuela?
O governo de Nicolás Maduro considerou "uma agressão" o veto do Brasil à inclusão da Venezuela no novo grupo de países parceiros do bloco. O Brics originalmente foi formado por Brasil, Rússia, China e Índia, acrescentando a África do Sul pouco tempo depois.
Em 2023, incluiu Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos como membros, enquanto a Arábia Saudita, também convidada, ainda não deu seguimento ao processo de entrada. Em Kazan, 13 países foram admitidos como parceiros do bloco, entre eles, dois latino-americanos: Cuba e Bolívia. Também entraram Turquia, Indonésia, Bielorrússia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria, Uganda e Argélia. A Venezuela e Nicarágua foram barradas pelo veto brasileiro.
O assessor Internacional de Lula, Celso Amorim, disse que o veto tinha relação com uma "quebra de confiança" por parte do regime de Maduro. De acordo com Amorim, o venezuelano prometeu a Lula divulgar as atas eleitorais da votação de 28 de julho, na qual ele foi proclamado presidente reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) — controlado pelo chavismo — em meio a denúncias da oposição de fraude. Até o momento, o órgão não publicou as atas, como a lei exige.
Na tentativa de pressionar o bloco, Maduro chegou de forma inesperada a Kazan na terça-feira, no dia em que começou a cúpula, contando com o apoio da Rússia de Vladimir Putin para contornar o veto brasileiro, mas a manobra não rendeu frutos.