Venezuela dá ultimato ao Covax Facility: "Ou mandam as vacinas, ou devolvem o dinheiro"
País diz ter feito todo o pagamento, mas ainda não recebeu doses de imunizantes
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu um ultimato ao sistema Covax Facility, neste domingo (4), após denunciar que o país fez todos os pagamentos pendentes sem receber vacinas para imunização contra a Covid-19.
“O sistema Covax falhou com a Venezuela. Nós o cumprimos (...), fazendo mágica para desbloquear os recursos que nos haviam bloqueado”, afirmou Maduro, garantindo que seu governo cumpriu com o pagamento dos US$ 120 milhões exigidos pelo mecanismo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que países em desenvolvimento tenham acesso às vacinas.
“Dei instruções precisas à vice-presidente executiva e presidente da comissão presidencial contra a Covid (Delcy Rodríguez) para agir esta semana e dar um ultimato ao sistema Covax: ou eles nos enviam as vacinas ou nos devolvem o dinheiro! E nós, se eles nos devolverem o dinheiro, saberemos onde comprar porque já falamos com instituições mundiais e multilaterais para fazê-lo”, acrescentou em evento televisionado. "Chega de brincadeiras."
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No mês passado, em meio a uma polêmica que durou meses, Maduro pediu a seu homólogo americano, Joe Biden, o desbloqueio de US$ 10 milhões destinados a saldar a dívida da Venezuela. Esses fundos, segundo o governo chavista, foram congelados por um banco suíço para uma "investigação".
A Venezuela foi atingida por sanções financeiras lideradas por Washington, que dificultam seu acesso ao sistema financeiro internacional.
Ciro Ugarte, diretor de Emergências Sanitárias da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), órgão regional da OMS, havia se referido a esse saldo devedor, embora afirmasse que o processo de envio de vacinas à Venezuela está "em andamento".
"Não pode ser. Oito semanas com o dinheiro congelado. Se não é possível, se o sistema Covax diz que não pode, devolvam-nos o dinheiro", insistiu Maduro, neste domingo.
A Venezuela, com 30 milhões de habitantes, acumula mais de 276.000 casos de covid-19 e cerca de 3.200 mortes, segundo dados oficiais questionados por organizações como a Human Rights Watch, que considera a existência de uma subnotificação no país.
O processo de vacinação em massa tem sido lento na Venezuela. Maduro diz que aproximadamente 11% da população foi imunizada, embora a Opas relate que apenas cerca de 224 mil pessoas na Venezuela completaram o processo de duas doses com as vacinas russa Sputnik-V e chinesa Sinopharm, únicas disponíveis no país.