Referendo

Venezuela diz que metade do eleitorado votou em referendo sobre anexação da Guiana

Anúncio foi feito pelo Conselho Nacional Eleitoral após oposição questionar resultado e classificar iniciativa como "um fracasso"

Venezuela diz que metade do eleitorado votou em referendo sobre anexação da Guiana Venezuela diz que metade do eleitorado votou em referendo sobre anexação da Guiana  - Foto: Pedro Rances Mattey / AFP

Mais de 10,4 milhões de eleitores, metade do registro eleitoral da Venezuela, votaram no referendo realizado no domingo sobre a anexação do território de Essequibo, região da Guiana que tem sido reivindicada por Caracas. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pela autoridade eleitoral, após questionamentos da oposição.

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, ao lado do presidente Nicolás Maduro e de outras autoridades de alto escalão, detalhou o número. Amoroso afirmou que o país teve “a participação importante de 10.431.907 venezuelanos”. Ele aproveitou a ocasião para comemorar a adesão, classificada como "sem precedentes".

No domingo, a autoridade havia informado que a participação superou os 10.554.320 votos, número menor do que o atual. A declaração gerou suspeitas entre líderes da oposição e analistas, que interpretaram um voto para cada pergunta, o que teria dado uma participação de cerca de 2 milhões. A afirmação se baseou, também, na ausência de filas na maioria dos centros de votação em Caracas e em outras cidades do país.

O registro eleitoral na Venezuela é de 20,7 milhões de eleitores, e o resultado relatado agora pelo CNE representa a maior participação, em termos de número total de votos, na história democrática deste país. Ao todo, o referendo consistiu em cinco perguntas, que receberam apoio superior a 95%, incluindo a criação de uma província venezuelana em Essequibo e a concessão de nacionalidade aos seus 125 mil habitantes.

Entenda a disputa
A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural com a Guiana, como em 1777, quando era uma colônia da Espanha, e apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966 (antes da independência da Guiana), que estabeleceu bases para uma solução negociada e anulou um laudo de 1899 que definiu os limites atuais. Enquanto isso, Georgetown defende esse laudo e pede que ele seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal tribunal das Nações Unidas.

O "Sim" também venceu com porcentagens superiores a 95% nas outras quatro perguntas, que incluíam a rejeição ao laudo de Paris e à jurisdição da CIJ, o apoio ao acordo de Genebra e a oposição ao uso da Guiana das águas marítimas de Essequibo, onde o governo da Guiana e a gigante energética norte-americana ExxonMobil iniciaram a exploração de vastos depósitos de petróleo descobertos em 2015.

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