américa do sul

Venezuela promulga lei para criação do estado da "Guiana Essequiba", região rica em petróleo disputa

Projeto foi aprovado pelo Parlamento venezuelano em março, e denunciado por Georgetown como "violação flagrante da sua soberania"

Muros pintados nas ruas de Caracas mostram campanha de Maduro para referendo de anexação do EssequiboMuros pintados nas ruas de Caracas mostram campanha de Maduro para referendo de anexação do Essequibo - Foto: Federico Parra/AFP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, promulgou na quarta-feira a Lei Orgânica para a Defesa da Guiana Essequiba, que contempla a criação do estado da "Guiana Essequiba". O projeto foi redigido após o referendo consultivo realizado em 3 de dezembro sobre a anexação do território. Essequibo, região rica em petróleo e recursos naturais, é alvo de uma disputa entre Venezuela e Guiana há mais de um século.

De acordo com o texto, o estado de "Guiana Essequiba" seria governado da cidade de Tumeremo, no vizinho estado venezuelano de Bolívar, a cerca de 100 quilômetros da área reivindicada. O projeto também iria inabilitar politicamente e declarar traidores aqueles que "favoreciam" a causa da Guiana.

"O presidente Irfaan [Ali] não governa a Guiana, a Guiana é governada pelo Comando Sul, a CIA e a ExxonMobil, e não estou exagerando, controlam o Congresso, dois partidos que fazem maioria, governo e oposição, controlam totalmente as forças de defesa guianesas, as forças policiais" comentou Maduro, que denunciou a instalação de "bases militares secretas" de Washington em Essequibo.

A lei foi aprovada pelo Parlamento venezuelano em 21 de março, medida que a Guiana denunciou como uma "violação flagrante da sua soberania" e expressou, através de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, "grave preocupação" ao considerar que incorre em uma "violação flagrante de sua soberania".

A disputa centenária pelo Essequibo recrudesceu em 2015, após a descoberta de reservas petrolíferas pela companhia americana ExxonMobil. As tensões, que suscitaram preocupação regional por uma eventual escalada, se acentuaram após o referendo.

Duas semanas depois da consulta, os presidentes Ali e Maduro se reuniram em uma primeira reunião, na qual ambos os governos concordaram em não realizar ameaças, nem utilizar a força para resolver a disputa.

Em março deste ano, os líderes voltaram a se encontrar durante um encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em São Vicente e Granadinas, onde o venezuelano insistiu em uma "solução pacífica".

Entenda a disputa
De um lado, a Guiana se atém ao Laudo Arbitral de Paris, de 1899, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Do outro, a Venezuela se apoia em sua interpretação do Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido, antes da independência guianesa, em que Londres e Caracas concordam em estabelecer uma comissão mista "para buscar uma solução satisfatória", já que o governo venezuelano considerou o laudo de 1899 "nulo e vazio".

Sem solução, a questão foi parar nas mãos da CIJ em 2017, por definição do secretário-geral da ONU, António Guterres, que se valeu da prerrogativa estabelecida pelo próprio Acordo de Genebra no caso de as partes não chegarem a um entendimento.

A briga ganhou novos capítulos após descoberta, em 2015, de grandes reservas de petróleo na região. A Guiana iniciou licitações para explorar campos petrolíferos em águas rasas e profundas em 2022, o que Caracas rejeitou, considerando-as ilegais.

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