Venezuela

Venezuela: rival de Maduro nas eleições diz que deixou a Venezuela após sua família ser ameaçada

Em exílio na Espanha desde o mês passado, Edmundo González saiu do país após ser alvo de um mandado de prisão pela Justiça venezuelana, aparelhada pelo chavismo

Edmundo González Urrutia posa para foto durante evento com o partido de oposição Vontade Popular em Caracas Edmundo González Urrutia posa para foto durante evento com o partido de oposição Vontade Popular em Caracas  - Foto: Juan Barreto/AFP

O candidato da oposição nas últimas eleições venezuelanas, Edmundo González Urrutia, disse nesta sexta-feira que deixou a Venezuela e foi para a Espanha, onde está exilado, depois de sofrer ameaças “à parte mais próxima da minha vida familiar”.

— Minha saída do país é apenas temporária. Mas isso não me impediu de ser forçado a deixar a Venezuela por causa de pressões indescritíveis e ameaças extremas que atingiram até mesmo a parte mais próxima da minha vida familiar — disse ele em um discurso no Fórum La Toja, que reúne figuras políticas e econômicas no noroeste da Espanha.

Candidato nas eleições presidenciais de 28 de julho, em o presidente Nicolás Maduro foi proclamado vencedor para um terceiro mandato de seis anos sob alegações de fraude da oposição, González Urrutia chegou à Espanha em 8 de setembro para pedir asilo depois que um mandado de prisão foi emitido contra ele.

Desde então, “meus compatriotas têm sofrido experiências terríveis”, disse ele.

— O mundo conhece e reconhece os registros [eleitorais] originais porque nós os mostramos de forma transparente — e ainda assim, explicou, — a resposta do regime foi deixar nesse longo período de tempo (...) um saldo alarmante de mortos, perseguidos e presos políticos.

A vitória de Maduro foi proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão responsável por organizar o pleito, sem a apresentação até hoje das atas eleitorais das urnas eletrônicas, que comprovariam o resultado — apesar da pressão da comunidade internacional, incluindo do Brasil.

O CNE alegou, sem provas, ter sofrido um suposto ataque hacker que comprometeu parte das atas, mas cerca de 80% delas, às quais a oposição teve acesso, foram publicadas em um site.

Resultados oficiais apontaram a vitória de Maduro por 51% dos votos, enquanto estimativas feitas por pesquisadores com base nas atas apresentadas pela oposição mostram a eleição de González Urrutia por 67%, com votação expressiva inclusive em redutos chavistas.

A declaração de González Urrutia acontece dois dias depois que o Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais autorizados a acompanhar a eleição, apresentou à Organização dos Estados Americanos (OEA) as "atas originais" que "demostram" a vitória do líder da oposição sobre Maduro. Antes, a instituição também afirmou não ter encontrado indícios de nenhum ataque hacker às urnas.

González Urrutia, um diplomata aposentado que antes de concorrer à Presidência foi embaixador da Venezuela na Argentina, se reuniu à margem do fórum com o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, com quem discutiu “os próximos passos na construção da democracia na Venezuela”, segundo uma postagem publicada em seu perfil X.

Borrell também se referiu à reunião, na qual condenou “a repressão à dissidência” na Venezuela e pediu um “diálogo inclusivo com garantias para todas as partes em direção a uma transição democrática”, em uma mensagem no X.

O resultado eleitoral provocou uma onda de protestos no país, deixando 27 mortos, centenas de feridos, além da prisão de 2,4 mil pessoas, muitas sob acusação de terrorismo.

Desde então, houve um recrudescimento do regime chavista, com a aprovação de leis que minam a atuação de ONGs no país, a suspensão temporária de redes sociais como o X e a discussão de leis que visam censurar manifestações contrárias ao governo.

A líder da oposição, María Corina Machado, que foi substituída por González Urrutia nas cédulas após ter sido inabilitada de concorrer a cargos públicos — mesmo vencendo as primárias da oposição por mais de 90% dos voto —, continua na Venezuela, mas alega estar vivendo na clandestinidade temendo por sua segurança. Grande parte do núcleo duro da sua campanha foi alvo de mandados de prisão, incluindo seis dos seus aliados que estão refugiados na Embaixada da Argentina em Caracas, hoje sob administração brasileira depois do rompimento dos laços diplomáticos entre os países.

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