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Venezuela

Venezuela rompe relações com Paraguai por apoio a González, adversário de Maduro nas eleições

Anúncio ocorreu após uma conversa entre o ditador venezuelano e o presidente paraguaio, Santiago Peña

Edmundo González Urrutia, adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho de 2024Edmundo González Urrutia, adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho de 2024 - Foto: Javier Soriano / AFP

O governo da Venezuela rompeu relações com o Paraguai nesta segunda-feira após o apoio de Assunção ao opositor Edmundo González Urrutia, adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, que reivindica o reconhecimento da sua vitória no pleito, considerado fraudulento por grande parte da comunidade internacional. O anúncio acontece a quatro dias da posse do ditador venezuelano, no poder desde 2013, para o seu terceiro mandato de seis anos consecutivo.

"A Venezuela decidiu, em pleno exercício de sua soberania, romper relações diplomáticas com a República do Paraguai e proceder com a retirada imediata de seu pessoal diplomático credenciado no país", indicou a Chancelaria em um comunicado, reagindo a uma conversa por telefone na qual o presidente paraguaio, Santiago Peña, expressou apoio a González.

O governo venezuelano “rejeita categoricamente as declarações do presidente do Paraguai, Santiago Peña, que, ignorando o direito internacional e o princípio da não intervenção, recai em uma prática fracassada que lembra as fantasias políticas do extinto Grupo de Lima com sua ridícula aventura chamada Guaidó”, acrescentou o comunicado, lembrando o grupo formado em 2017 por chanceleres de 12 países latino-americanos com objetivo de discutir a crise na Venezuela.

Esta não é a primeira vez que Caracas rompe relações com um país por apoiar um opositor do regime. Em 2019, a Venezuela cortou laços diplomáticos com os Estados Unidos após o endosso ao então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino, liderando um governo que, na época, foi apoiado por mais de 50 nações — incluindo o Brasil, na época governado pelo então presidente Jair Bolsonaro.

No ano passado, após o questionamento internacional quanto à proclamação da vitória de Maduro no pleito sem apresentação das atas que comprovariam o resultado das urnas, o regime venezuelano rompeu relações com Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai. Na ocasião, a Embaixada da Argentina em Caracas abrigava sete opositores políticos alvos de mandados de prisão e, com o fim das relações, o prédio da missão ficou sob custódia do Brasil.

A quatro dias da posse de Maduro e com González no exílio em Madri desde 8 de setembro, aumenta a expectativa sobre o que será do futuro da Venezuela a partir de agora. A oposição, liderada por María Corina Machado, tem defendido uma ação mais decisiva da comunidade internacional, alegando que o regime está mais enfraquecido. Ela, que escolheu González como seu substituto na disputa após ser impedida de concorrer pela Justiça chavista, tem instado os países a reconhecerem seu aliado como presidente legítimo.

Nesta segunda-feira, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, alertou que González será preso se voltar ao país. A declaração de Cabello foi feita no mesmo dia em que a Força Armada venezuelana condenou o apelo do ex-diplomata para que ele seja reconhecido como chefe de Estado no país — e no mesmo dia em que o opositor se reúne com o presidente americano, Joe Biden, nos Estados Unidos.

Em julho do ano passado, a reeleição do herdeiro político de Hugo Chávez provocou protestos que deixaram 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 presos, inclusive adolescentes, acusados de terrorismo e encarcerados em prisões de segurança máxima. Até o momento, cerca de 1.500 foram libertados.

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