Conflito

Venezuela suspende escritório de Direitos Humanos da ONU e dá 72 horas para retirada de funcionários

Anúncio foi feito após entidade declarar "profunda preocupação" com a detenção da ativista Rocío San Miguel

Yvan Gil, ministro das Relações Exteriores da Venezuela, anuncia suspensão de braço da ONU no país Yvan Gil, ministro das Relações Exteriores da Venezuela, anuncia suspensão de braço da ONU no país  - Foto: Federico Parra/AFP

O chanceler venezuelano, Yvan Gil, anunciou nesta quinta-feira a decisão do governo de "suspender as atividades" do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos no país, instalado em 2019, e ordenou a saída dos seus funcionários do território venezuelano em 72 horas.

O anúncio surge após um comunicado da entidade da ONU que manifestou "profunda preocupação" com a detenção da ativista venezuelana Rocío San Miguel, crítica do presidente Nicolás Maduro e acusada de "terrorismo".

— Esta decisão é tomada devido ao papel inadequado que esta instituição tem desenvolvido, que, longe de se mostrar como uma entidade imparcial, tornou-se o escritório de advocacia privado do grupo de golpistas e terroristas que conspiram permanentemente contra o país — disse Gil.

Ele indicou que a decisão será mantida "até que retifiquem publicamente perante a comunidade internacional a sua atitude colonialista, abusiva e violadora da Carta das Nações Unidas".

Gil destacou que o governo fará uma revisão abrangente dos termos de cooperação técnica descritos na Carta de Entendimento assinada com o Alto Comissariado nos próximos 30 dias, e ordenou que "o pessoal designado para este escritório deixe o país em nas próximas 72 horas".

O Gabinete de Assessoria Técnica do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos foi criado na Venezuela em 2019, quando a ex-presidente Michelle Bachelet ocupava essa posição.

Antes de deixar o cargo, Bachelet disse ter visto progressos nos direitos humanos na Venezuela, mas que ainda havia "muito a fazer".

Seu sucessor, Volker Türk, visitou a Venezuela em janeiro de 2023, quando foi acordado que o escritório continuaria funcionando por mais dois anos. Durante a sua estadia, incentivou as autoridades a libertar todos os detidos arbitrariamente e insistiu na tomada de medidas para acabar com a tortura.

O comissário reuniu-se então com vários setores da sociedade civil, assim como com autoridades governamentais, e abordou queixas sobre as execuções extrajudiciais. Ele observou que havia restrições de acesso a alguns centros de detenção no país.

A principal função do gabinete técnico consiste em "apoiar a implementação eficaz das recomendações emitidas" nos relatórios que o alto comissariado apresenta ao Conselho de Direitos Humanos. Desde 2019, houve pelo menos seis relatos sobre a situação na Venezuela.

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