Verão e candidíase: por que a estação favorece a infecção?
A incidência de candidíase tende a aumentar com a chegada do verão, devido a diversos fatores comuns a essa época do ano como o calor e a umidade
A candidíase é uma infecção causada por fungos do gênero Candida. Embora a Candida albicans seja a espécie mais comum, outras variações também podem estar envolvidas, especialmente em casos de resistência a tratamentos convencionais. Com a chegada do verão, a incidência de candidíase tende a aumentar, devido a diversos fatores comuns a essa época do ano.
Segundo a ginecologista e obstetra Carolina Valença, o calor e a umidade dessa estação criam condições ideais para o desenvolvimento do fungo Candida albicans, principal causador da infecção. Além disso, o verão também aumenta os riscos de candidíase devido ao uso prolongado de roupas molhadas e quentes, como biquínis e maiôs.
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“A região genital já é naturalmente úmida e, com o uso prolongado de roupas de banho ou de tecidos sintéticos como a lycra, o aquecimento local favorece ainda mais a proliferação do fungo. Roupas de ginástica ou calças muito justas também devem ser evitadas por longos períodos”, explica a médica.
Como a candidíase se manifesta?
No caso da candidíase vaginal, os sintomas mais frequentes incluem coceira intensa, vermelhidão, inchaço da vulva e secreção espessa e amarelada. Já em homens, pode haver vermelhidão, coceira e acúmulo de secreção na parte superior da glande.
A ginecologista e obstetra Carolina Valença, explica ainda que, apesar de os sintomas gerarem desconforto, eles só se manifestam em um momento de infecção, já que o fungo, normalmente, está presente em diversas partes do corpo.
“Esse fungo faz parte da flora normal de diversas regiões do corpo, como boca, trato gastrointestinal e pele, mas causa infecção quando ocorre um desequilíbrio, seja por fatores hormonais, alimentares ou imunológicos”, detalha Carolina.
Segundo a médica, pode ocorrer de, em um exame preventivo de rotina, o fungo ser detectado. No entanto, o tratamento só deve ser realizado se associado aos sintomas de infecção.
Tratamento
Os tratamentos para candidíase variam entre medicações tópicas e orais, sendo os antifúngicos as opções mais utilizadas. Para as mulheres, o tratamento pode incluir cremes vaginais ou comprimidos. Já para os homens, o uso de cremes tópicos é comum, assim como a medicação via oral.
“É fundamental que o tratamento seja prescrito por um médico, já que o uso inadequado de antifúngicos pode causar resistência do fungo ou até mesmo danos ao fígado”, adverte a especialista.
Além disso, é essencial evitar a automedicação. “Nem sempre a coceira ou desconforto são sinais de candidíase. Podem indicar outras condições, como herpes ou vaginose bacteriana”, ressalta a médica.
O diagnóstico correto deve ser feito por um médico por meio de exame clínico e, em casos de recorrência, com exames laboratoriais complementares.
É possível prevenir uma candidíase?
Mudanças nos hábitos diários também são importantes para prevenir novas crises. Trocar roupas molhadas rapidamente, optar por tecidos mais leves e arejados, manter uma boa higiene íntima e controlar condições como a diabetes são atitudes que podem ajudar.
Embora a relação direta entre a alimentação e a candidíase não seja completamente comprovada, dietas ricas em açúcares e carboidratos podem favorecer crises, especialmente em pacientes diabéticos ou com pré-diabetes.
“A glicose elevada no organismo pode causar um desequilíbrio na flora vaginal, tornando o ambiente mais propício ao crescimento da Candida”, diz a obstetra.
Complicações e sinais de alerta:
Quando não tratada corretamente, a candidíase pode se tornar recorrente, prejudicando significativamente a qualidade de vida.
“Crises frequentes podem indicar problemas subjacentes, como diabetes ou alterações imunológicas, e exigem uma investigação mais detalhada”, afirma Carolina.
A obstetra alerta ainda que, embora a candidíase não esteja associada a complicações graves, como o câncer, um diagnóstico correto é essencial para evitar que a candidíase seja confundida com outras infecções, como o HPV.
“O exame clínico ginecológico bem feito é indispensável para garantir o diagnóstico correto e um tratamento eficaz”, reforça a médica.