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Veterano que matou 15 em Nova Orleans teve dificuldade de se adaptar à vida civil e se radicalizou

Vizinhos e conhecidos de longa data se disseram surpresos com as ações de Shamsud-Din Jabbar, embora ele apareça fazendo discursos ameaçadores em vídeos recentes encontrados por investigadores

Rua Bourbon, uma das mais movimentadas de Nova Orleans, onde ocorreu ataque que deixou 10 mortos na noite de Ano Novo Rua Bourbon, uma das mais movimentadas de Nova Orleans, onde ocorreu ataque que deixou 10 mortos na noite de Ano Novo  - Foto: Michael DeMocker/AFP

Veterano do Exército dos EUA, Shamsud-Din Jabbar, identificado por autoridades como responsável pelo atentado que matou 15 pessoas em Nova Orleans durante a celebração do Ano Novo, teve dificuldade de se reinserir na sociedade ao fim de seu período como militar da ativa e se radicalizou com o tempo, demonstrando simpatia pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

 

WhatsApp Image 2025 01 02 at 06.21.30Foto do passaporte de Shamsud-Din Jabbar, apontado como o suspeito de matar 15 pessoas em Nova Orleans — Foto: AFP PHOTO /FBI

Enquanto investigadores tentam determinar as causas exatas que motivaram o ataque na região turística de Nova Orleans e avaliam que Jabbar não agiu sozinho ao planejar e executar o ataque, novas informações sobre o suspeito neutralizado na cena do crime mostram uma figura que se transformou ao longo dos anos.

 

Em uma publicação no New York Times, o repórter freelancer Sean Keenan disse tê-lo entrevistado em 2015 para o jornal estudantil da Universidade Estadual da Geórgia. Naquela oportunidade, Jabbar disse estar com dificuldades para se adaptar à vida civil, fazendo críticas à burocracia do Departamento de Assuntos de Veteranos, que ele disse dificultar o recebimento de suas mensalidades da faculdade e outros benefícios, além de dizer que achava "desafiador" se comunicar sem recorrer ao jargão militar.

— Há tantas siglas diferentes que você aprendeu — disse Jabbar ao repórter durante a entrevista. — Você não sabe falar sem usar esses termos e não tem certeza de quais termos são usados fora do Exército.

Pessoas próximas ao militar veterano se mostraram surpresas e até rejeitaram a pecha de "terrorista" associada a ele após o ataque em Nova Orleans. Marilyn Bradford, uma idosa de 70 anos, que morou no andar de cima de Jabbar em um prédio em Houston, onde ele morou de 2021 até cerca de um ano atrás, descreveu-o como "prestativo", sempre disposto a ajudá-la a carregar compras e oferecer ajuda, dizendo que o chamava de "camarada". Ela disse que ele "não era um terrorista" para ela.

Chris Pousson, um veterano aposentado da Força Aérea que cursou os ensinos fundamental e médio com Jabbar o descreveu como "quieto, reservado e muito, muito inteligente". Disse também que ele sempre estava bem vestido e tirava boas notas, além de evitar confusões.

Os dois se reconectaram pelo Facebook depois que Jabbar saiu do serviço militar ativo em 2015, momento em que Pousson percebeu que ele havia se envolvido profundamente com sua fé muçulmana. Embora tenha notado uma diferença do perfil discreto do colega de escola para o homem ativo nas redes sociais, ele disse nunca ter visto sinais de ameaça de violência nas publicações, que definiu como "apaixonadas". O ataque foi motivo de surpresa.

— Isso é uma reviravolta completa [o atentado], de 180 graus em relação à pessoa quieta e reservada que eu conhecia — disse.

Dwayne Marsh, que é casado com a ex-esposa de Jabbar, disse que o veterano estava agindo de forma errática nos últimos meses. Marsh disse que ele e a esposa pararam de permitir que as duas filhas que ela tinha com o ex, de 15 e 20 anos, passassem tempo com ele.

No momento do ataque em Nova Orleans, Jabbar tinha uma bandeira do Estado Islâmico no carro. O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou ter recebido informações dos investigadores sobre vídeos postados por ele em que se mostrava atraído pelo grupo terrorista, inclusive tendo jurado lealdade ao grupo em uma das gravações.

As autoridades agora investigam se o veterano agiu sozinho ou se teve ajuda, e se as ações foram apenas inspiradas pelo Estado Islâmico ou se foram ordenadas pelo grupo, o que configuraria um atentado direto. (Com NYT)

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