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racismo

Vice-presidente da Colômbia denuncia 'racismo' e pede à OEA apoio para a paz

Temas como as desigualdades contra as mulheres, os indígenas e os agricultores também foram abordados

Vice-presidente da Colômbia, Francia MárquezVice-presidente da Colômbia, Francia Márquez - Foto: Luisa Gonzalez / AFP

A primeira vice-presidente afrodescendente da Colômbia, Francia Márquez, denunciou, nesta sexta-feira (22), "o racismo estrutural" e as desigualdades contra as mulheres, os indígenas e os agricultores, em uma intervenção na Organização dos Estados Americanos (OEA), à qual pediu apoio para uma "paz total".

"Hoje estou aqui em nome do meu povo" para dizer que a Colômbia "tem um compromisso com a justiça social e pedimos o apoio e a participação de vocês para realizar os sonhos" dos colombianos, afirmou Márquez, uma ambientalista de 41 anos que derrotou as elites brancas e conservadoras em uma campanha presidencial na qual foi alvo de ataques racistas.

"A igualdade racial é um dos nossos propósitos" e exige avançar em "reparações históricas" como fizeram o Caribe e o continente africano, afirmou durante uma sessão extraordinária do Conselho Permanente, o órgão executivo da OEA.

Trata-se de avançar para "erradicar os efeitos do colonialismo, da escravidão e do racismo estrutural que expropriaram a condição humana das populações afrodescendentes", porque o racismo, disse, segue ceifando milhões de vidas no mundo.

Na Colômbia, "há um racismo estrutural" e "temos territórios que ainda vivem um apartheid, onde não há investimento social, onde não chega água potável, por isso são as crianças indígenas e afrodescendentes que estão morrendo de fome e de desnutrição".

"A precariedade no acesso aos serviços básicos tem cor", denunciou.

Márquez também advogou a favor das mulheres, que sofrem "desigualdades estruturais", e dos jovens, para "arrancá-los da violência".

Muitos jovens "estão em círculos de violência" porque são "afrodescendentes, indígenas, agricultores empobrecidos, filhos de mães chefes de família", explicou ela na sede da OEA, em Washington.

A também ministra da Igualdade e Equidade vangloriou-se de que o orçamento da Colômbia está focado na educação e não na guerra, para que os jovens tenham opções para "pegar um lápis e um livro" e não um fuzil.

Entre os principais temas que preocupam os colombianos é "continuar os esforços necessários para a paz total" com a qual o presidente colombiano, Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro, aspira a encerrar mais de seis décadas de conflitos.

Márquez elogiou os esforços do ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos para resolver o conflito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

"Foi importante, porque esse processo de paz tem evitado mortes", destacou, mas "ainda temos alguns conflitos para resolver".

"Parabenizamos que a OEA acompanhe o diálogo de paz que hoje é feito com o ELN", a guerrilha do Exército de Libertação Nacional, disse Márquez, que detalhou que o governo se dispõe "a estabelecer outras mesas com outros atores armados".

"Instamos todos os membros desse conselho a seguir acompanhando os esforços do governo colombiano a favor da paz total", insistiu, porque "é um sonho e um desejo urgente".

Mas "conseguir a paz não é apenas o silenciamento dos fuzis", ainda que seja uma parte importante, acrescentou, também passa pelo investimento social.

"Vamos seguir caminhando juntos até conseguir que a dignidade se torne um hábito", afirmou Márquez, que foi aplaudida de pé pelos presentes.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, qualificou sua presença de "fato histórico e uma honra", porque inspira para avançar "na luta pela igualdade, justiça social, reparação" dos povos da região.

Para Almagro, as Américas necessitam de uma "transformação social iminente".

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