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Racismo

Vídeo mostra policiais arrancando manifestante negro de cadeira de rodas em protesto nos EUA

Policiais ainda imobilizaram Joshua Wilson, 34, quando ele estava deitado no chão

Momento em que manifestante negro é retirado da cadeira de rodasMomento em que manifestante negro é retirado da cadeira de rodas - Foto: Reprodução / Twitter

Quando a cidade de Los Angeles completava 44 dias seguidos de protestos contra a violência policial nos Estados Unidos, na última terça-feira (14), a ação controversa de um grupo de agentes voltou a repercutir nas redes sociais.

Em um vídeo gravado por membros de um coletivo de ativistas, os policiais aparecem tentando imobilizar Joshua Wilson, 34, homem negro com deficiência.

Usando os braços para se defender, Wilson é derrubado por pelo menos três policiais e um deles joga sua cadeira de rodas a alguns metros de distância. Na sequência, ele é imobilizado por dois agentes que seguram seus braços e o mantêm no chão.

Sob gritos e protestos das pessoas ao redor, mais policiais aparecem imobilizando outro homem ao lado de Wilson e impedindo manifestantes de se aproximarem.

"Durante um protesto pacífico em Los Angeles nesta semana, o Departamento de Polícia de Los Angeles derrubou um homem com deficiência da cadeira de rodas e depois a quebrou. Não há absolutamente nenhuma desculpa para isso -é nojento. Quem exatamente eles estão protegendo e servindo?" diz uma usuária do Twitter que compartilhou o vídeo, visto mais de seis milhões de vezes.

A versão da polícia é de que os agentes foram acionados para uma ocorrência em que duas mulheres davam sinais de uma crise de saúde mental e, no local, detiveram outro homem que era alvo de um mandado de prisão.

Ainda segundo a versão oficial, quando se preparavam para deixar o local, os policiais foram cercados por um grupo de cerca de 50 manifestantes.

"Um homem em cadeira de rodas, Joshua Wilson, deu um soco no rosto de um oficial e ocorreu um uso da força entre os policiais e Wilson. Ele foi levado sob custódia", diz o comunicado do Departamento de Polícia de Los Angeles.

Na estação de polícia, as autoridades dizem ter encontrado uma arma carregada na mochila de Wilson. Por ter antecedentes criminais, a legislação do estado da Califórnia prevê que ele não tem direito a possuir ou portar armas de fogo.

Wilson foi preso e uma fiança de US$ 35 mil (R$ 187 mil) foi estabelecida para que ele possa responder ao processo em liberdade.

Coletivos de ativistas organizaram uma campanha na internet para arrecadar a quantia, e Wilson foi liberado na noite desta quinta-feira (16).

Os protestos em Los Angeles começaram poucos dias depois do assassinato de George Floyd em Minneapolis, caso que motivou milhares de manifestações em cidades americanas e em outros países pelo mundo.

Derek Chauvin, o policial que permaneceu os quase nove minutos ajoelhado sobre o pescoço de Floyd, foi preso quatro dias após a morte do ex-segurança. Ele responde por homicídio de segundo grau, que na lei brasileira equivale a homicídio doloso -com intenção de matar.

Chauvin está detido na prisão de Oak Park Heights, considerada a mais segura do estado de Minnesota, sob fiança de US$ 1,25 milhão (R$ 6,6 milhões).

Os outros três policiais que estavam na cena do crime, J. Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, foram denunciados como cúmplices. Eles pagaram fiança e foram soltos.

No início de junho, o Congresso americano começou a debater um projeto de lei apresentado pelo Partido Democrata, de oposição a Trump, para reformas mais profundas no sistema policial.

A proposta previa, entre outras mudanças, a criação de um registro nacional de má conduta dos agentes e a proibição de estrangulamentos e outras táticas de abordagem violenta.

A nova legislação, que dependia da aprovação do Senado, de maioria republicana, e da sanção do presidente, acabou não seguindo adiante.

Uma semana depois, porém, Trump assinou um decreto que estimula novos padrões de operação para a polícia do país -mudanças muito semelhantes ao que os democratas já haviam proposto.

A decisão do presidente, porém, foi considerada fraca porque não obriga a polícia a mudar de conduta. É apenas um estímulo: departamentos que a seguirem terão preferência ao receber recursos federais.

A cidade de Minneapolis, no entanto, irá desmantelar o Departamento de Polícia e criar um novo sistema de segurança pública. O movimento de reforma das forças de segurança reverberou em outras cidades.

Dos EUA, os atos antirracismo se espalharam para países da Europa, da Ásia e da Oceania. O movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) reverberou a partir de outras denúncias de vítimas do racismo estrutural e da violência do Estado.

Um olhar renovado sobre estátuas e monumentos dedicados a pessoas relacionadas ao passado racista, escravocrata e colonialista veio em sequência. As esculturas se tornaram os novos alvos dos protestos.

Em Bristol, no Reino Unido, a estátua de Edward Colston, traficante de escravos que viveu no século 17, foi derrubada e jogada em um rio no início de junho. Nesta semana, a escultura de uma ativista negra feita por um artista britânico foi colocada no mesmo pedestal onde ficava Colston, mas foi removida pelas autoridades municipais por ter sido instalada sem permissão.

Imagens de Cristóvão Colombo, de líderes do Exército Confederado -que defendia a manutenção da escravidão durante a Guerra Civil dos EUA-, e de reis europeus foram derrubadas em vários países.

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