Vilão silencioso, o glaucoma necessita de diagnóstico precoce para evitar danos irreversíveis
Doença ainda é ignorada por 37% da população de Pernambuco, o que preocupa especialistas. Diagnóstico precoce pode ser decisivo
O cuidado com os olhos ganha uma atenção especial em outubro, quando é celebrado o Mês Mundial da Visão. Durante a pandemia de Covid-19, é preciso intensificar a atenção com o órgão, já que ele pode funcionar como uma porta de entrada para o vírus. Mas é importante manter consultas regulares para não ser acometido por outras doenças silenciosas e perigosa, como o glaucoma, um dos problemas oculares que só apresenta sintomas quando está em estágio avançado.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo e preocupa especialistas por ser irreversível. Para o oftalmologista Paulo Saunders, da Oftalmax e Opty, esse é apenas um dos motivos que tornam uma rotina de consultas oftalmológicas em dia imprescindível.
“Para preservar a saúde ocular e prevenir o surgimento de outras patologias oculares, é importante que a consulta com um oftalmologista ocorra anualmente ou com maior frequência caso o paciente já tenha uma doença ocular diagnosticada”, explicou o médico.
(PODCAST) Canal Saúde - 12% dos pernambucos nunca foram ao oftalmologista
Segundo ele, algumas doenças oftalmológicas, como o glaucoma, podem não apresentar sintomas evidentes. “O diagnóstico de algumas patologias só é possível a partir de uma avaliação médica detalhada, exigindo, em alguns casos, alguns exames complementares”, emendou o especialista.
Um levantamento realizado pelo Ibope Inteligência apontou que alguns pernambucanos estão descuidando desse aspecto. O fato de 37% da população do Estado desconhecer o glaucoma preocupa o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), o mestre e doutor em Oftalmologia Augusto Paranhos Junior. “Além do desconhecimento acerca do tema, a desinformação sobre ele também preocupa. Sem conhecer, fica mais difícil de combater”, pontuou Paranhos, referindo-se ao estudo que ouviu 2,7 mil pessoas de Pernambuco e de outros seis estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará).
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De acordo com Paulo Saunders, o comprometimento visual no glaucoma resulta de um dano sobre o nervo óptico, normalmente relacionado à presença de pressão intraocular elevada. Conforme explica o especialista, existe uma tendência familiar para o desenvolvimento dessa condição. Além da tendência familiar, o presidente da SBG destaca que há outros fatores predisponentes para a patologia. "Alguns públicos são mais propensos ao glaucoma, que são as pessoas com casos na família, afrodescendentes e pacientes com pressão intraocular elevada”, pontua Augusto.
Outro dado da pesquisa que chama a atenção é o fato de 21% dos pernambucanos acreditarem que não correm risco de desenvolver o glaucoma porque não sentem nenhum tipo de incômodo nos olhos. “Quando o paciente percebe uma perda de campo visual periférico ou na visão tubular central, significa que a doença já está em estágio avançado. Como é irreversível, é de extrema importância o acompanhamento constante para prevenir o dano glaucomatoso sobre o nervo óptico, evitando a perda visual”, alertou Saunders.
O diagnóstico precoce da hipertensão ocular é a medida que precisa ser tomada para evitar que a doença avance. Já o tratamento, explica Paulo Saunders, pode ser realizado com colírios ou lasers especiais que reduzem a pressão ocular. “Em casos mais graves pode ser necessária a cirurgia do glaucoma, que conta atualmente com uma série de dispositivos específicos para auxiliar no controle da pressão que são implantados na câmara anterior do olho”, finalizou o oftalmologista.