Violência e crime drenam 3,5% da economia da América Latina e Caribe, diz relatório do BID
Estudo aponta três principais variáveis nessa conta: a perda de capital humano, os gastos das empresas para lidar com a insegurança e as despesas públicas com prevenção e justiça criminal
A violência e o crime comprometem cerca de 3,5% da produção econômica da América Latina e do Caribe, segundo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicado nesta segunda-feira, com base em dados de 2022. O impacto do crime, aponta o estudo, consome quase 80% do orçamento regional destinado à educação, o dobro do valor investido em assistência social e 12 vezes o montante reservado para pesquisa e desenvolvimento.
Segundo a análise, há três principais variáveis nessa conta: a perda de capital humano, os gastos das empresas para lidar com a insegurança e as despesas públicas com prevenção e justiça criminal.
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"O crime freia o crescimento econômico, amplia a desigualdade e redireciona investimentos públicos e privados", afirmou no documento Ilan Goldfajn, presidente do BID, ressaltando ainda a necessidade de esforços conjuntos para mudar tal situação.
Quando comparados a dados de países europeus — Polônia, Irlanda, República Tcheca, Portugal, Holanda e Suécia —, o impacto econômico do crime na região é 42% superior. O relatório mostra ainda que, caso os países da América Latina e Caribe pudessem reduzir esses custos para os níveis europeus, teriam quase 1% adicional do PIB disponível para programas sociais.
A América Latina, segundo um relatório do Fundo Monetário Internacional ( FMI), responde por um terço dos homicídios no mundo, apesar de ter menos de 10% da população global. O crime organizado, em especial, é o grande responsável pela alta dos custos operacionais das empresas, aponta o estudo.
O FMI também destaca no relatório o impacto fiscal significativo para os governos, com gastos em segurança pública correspondendo a cerca de 1,9% do PIB da região e a mais de 7% das despesas totais.
Para melhorar o combate ao crime, o FMI sugere no documento que a região crie uma "plataforma regional de conhecimento" para coletar e analisar dados e compartilhar práticas eficazes em políticas de segurança e economia.