VSR

Vírus sincicial respiratório: sem vacina, especialistas alertam para urgência na prevenção da doença

Principal causa de bronquiolite e pneumonia em menores de dois anos, VSR assusta pais e médicos

Bebê recém-nascido Bebê recém-nascido  - Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Principal causador de mortes em bebês menores de um ano no mundo (com exceção da malária), o vírus sincicial respiratório (VSR) responde por casos de infecção respiratória “em franca ascensão” no país, alertam especialistas. A preocupação é ainda maior em menores de seis meses, principalmente prematuros, e crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade e cardiopatas, que têm mais probabilidade de necessitar internação por desconforto respiratório.

— O vírus que mais preocupa em crianças pequenas, mais que gripe ou Covid, é o vírus sincicial respiratório — disse o pediatra infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), no lançamento da campanha “Prevenção ao VSR - Muito além de um detalhe”, promovida pela AstraZeneca Brasil.

O vírus sincicial respiratório, ou VSR, é o principal causador de infecções do trato respiratório inferior em crianças. Estima-se que 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em bebês sejam decorrentes do vírus.

Esta época do ano, com a chegada do outono e dos meses frios, é o período de maior circulação do vírus, o que reforça a importância do cuidado para evitar o contágio. O país costuma registrar picos de casos entre março e julho. E, em alguns casos, estão associados a infecções por outros vírus respiratórios.

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— Na volta às aulas, depois da pandemia, acumulamos crianças de zero a três anos sem exposição viral todas juntas nas escolas. O resultado foram temporadas de gripe e VSR no verão. E agora, neste ano, estamos com alta circulação, infectando os mais suscetíveis que não foram expostos anteriormente — conta Kfouri.

Em 2020, relata o médico, quase não havia casos:

— Em 2021, os casos começaram a subir, e em 2022 houve uma onda recuperando as contaminações. Agora, em 2023, está em franca ascensão. Na prática, vemos prontos-socorros cheios de casos de bronquiolite.

Não existe, ainda, uma vacina que ajude no combate ao vírus. Até os dois anos, praticamente todas as crianças já terão sido expostas a ele. As alternativas para reduzir o contágio por VSR passam, portanto, pela prevenção.

— Os cuidados aprendidos durante a pandemia funcionam — diz Kfouri. — Passamos a falar mais dos vírus respiratórios, o que nos ajuda a conhecer melhor as doenças e seus desfechos.

Há três vacinas contra o VSR saindo do forno, sendo duas para idosos, da GSK e Pfizer, e uma para gestantes em fase 3 de testes, que protege os bebês.

—Mas vacina para crianças ainda estamos longe, ainda vai demorar alguns anos. E há novos anticorpos monoclonais saindo. É o futuro a curto e médio prazo — afirma Kfouri.

Higienização frequente das mãos com álcool em gel e sabonetes germicidas, isolamento de pacientes com diagnóstico confirmado e limpeza de superfícies expostas são algumas das orientações.

— Lavar as mãos, isolamento, licença maternidade estendida, atrasar um pouco a entrada do filho na escola são algumas medidas que podem ajudar — diz Kfouri.

Ter acompanhamento com pediatra antes mesmo do nascimento do bebê, desde a gestação, também ajuda na prevenção.

Na ausência da vacina, há ainda uma opção de imunização passiva, com anticorpos monoclonais, chamada palivizumabe.

— Nesse caso se oferece um anticorpo pronto, que ajuda o bebê a atravessar essa época de maior circulação do vírus e ajuda a prevenir de infecções graves. Mas é uma proteção momentânea, na próxima temporada a criança estará exposta novamente — explica Kfouri.

Essa opção está disponível no SUS, para bebês extremos prematuros e cardiopatas menores de dois anos. A prematuridade é um dos grandes complicadores em infecções por VSR.

— Ainda falta muita informação. É importante ter uma comunicação efetiva. Pais e profissionais de saúde devem ser capacitados sobre prevenção, acesso à Imunização passiva, entre outras medidas — explica Denise Leão, fundadora e diretora da ONG Prematuridade.

Ela orienta mães e pais a buscarem ajuda, a terem proximidade com pediatras e profissionais de saúde, e atenção a qualquer indício de desconforto respiratório.

— Nunca tinha ouvido falar nesse vírus. Eu tinha acabado de chegar no Rio, meu filho tinha um mês de vida. Fomos ao hospital, ele fez raio-X e deram o diagnóstico de bronquiolite. Fizeram painel respiratório, descartaram influenza e outros, e saiu então vírus sincicial respiratório. Fiquei oito dias com meu filho na UTI. Foi a pior época da minha vida — conta a apresentadora, influenciadora e mãe Rafa Brites.

No segundo filho, diz, a experiência foi outra: proibiu visitas, aumentou os cuidados com álcool em gel e a atenção a qualquer sintoma de infecção respiratória.

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