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Coronavírus

Visor transparente e máscara com válvula não impedem contágio de coronavírus

Cientistas do Instituto Americaso de Física realizaram diversas simulações e comprovaram a ineficácia dos equipamentos

Doação de EPIsDoação de EPIs - Foto: Divulgação

Visores transparentes e máscaras com válvulas são ineficazes para conter o novo coronavírus, mostra pesquisa publicada nesta terça (1º) na revista Physics of Fluids, do Instituto Americano de Física. Os cientistas simularam tosses e espirros usando um manequim com nariz e boca cobertos por diferentes tipos de proteção: máscaras caseiras, cirúrgicas simples de duas marcas diferentes, visores transparentes e máscaras do tipo N95 com ou sem válvula de expiração.

Para acompanhar a dispersão das gotículas de saliva que podem contar o coronavírus, eles usaram uma bomba manual que criou jatos de água destilada e glicerina, e acompanharam sua dispersão no tempo e no espaço com lâminas de laser. "Conforme os alunos retornam às escolas e universidades, alguns se perguntam se é melhor usar protetores faciais, pois são mais confortáveis e fáceis de usar por longos períodos de tempo. Mostramos porém que eles não protegem contra a contaminação", disse Siddhartha Verma, coautor do estudo com Manhar Dhanak e John Frankenfield.

O resultado pode guiar as decisões de vários governos que têm tornado o uso de máscaras obrigatório em qualquer espaço público, como regiões da Bélgica, ou no transporte público, como Alemanha e Itália. Na França, a partir desta terça, os equipamentos também terão que ser usados em empresas em que grupos trabalhem em lugar fechados. "Se os equipamentos não são eficazes, você está colocando todos em um espaço apertado com gotículas se acumulando ao longo do tempo, o que pode levar a infecções", diz Verma.

No caso dos protetores transparentes, o experimento mostrou que o jato inicial é bloqueado, mas as gotículas escapam pela parte inferior do visor já no primeiro segundo. Em cerca de 10 segundos, já alcançaram 1 metro de distância, "espalhando-se com relativa facilidade por uma grande área, mesmo que a movimentação de ar no ambiente seja leve".



No caso da máscara N95 com válvula, um grande número de gotículas escapa pelo mecanismo durante o espirro ou tosse e se dispersa rapidamente pelo ambiente. Em menos de 2 segundos, as gotículas já se espalharam para a frente, aumentando o risco de transmissão do coronavírus se a pessoa estiver infectada. Na simulação, os pesquisadores priorizaram gotículas produzidas pela tosse ou espirro porque são as com mais potencial de provocar a transmissão: menores, elas podem ficar suspensas por muito tempo no ambiente.

Nos testes com máscaras sem válvula, as imagens mostram que parte pequena do jato escapa pela margem superior da máscara, sobre o nariz, mas a dispersão pelo ambiente é pequena. As simulações mostraram, porém, que a qualidade do produto afeta a eficiência. Foram feitos testes com duas marcas diferentes de máscaras comuns e, numa delas, a quantidade de gotículas que escaparam e se dispersaram foi significativamente maior. O mesmo ocorre em relação às máscaras de tecido caseiras: a eficiência depende da qualidade do material usado. No experimento, a que menos deixou passar gotículas foi a confeccionada com nanofibras.

Em vídeo com orientações para esse tipo de equipamento, a OMS diz que devem ser usadas três camadas, uma interna de algodão, uma intermediária que serve como filtro para evitar a passagem do vírus e uma externa de tecido impermeável. Independentemente do tipo de máscara usada, o risco de contágio ocorre também quando as pessoas ignoram o alerta de distanciamento físico, por acreditar que a cobertura do rosto oferece proteção suficiente, afirmou em entrevistas recentes a líder técnica da Organização Mundial da Saúde, Maria van Kerkhove.

"Máscaras são apenas uma das ferramentas para evitar a transmissão do coronavírus e precisam ser usadas em conjunto com outras medidas, como manter distância de no mínimo 1 metro, lavar as mãos e cobrir a boca com o braço ao espirrar ou tossir", diz ela.

Os resultados da pesquisa corroboram a recomendação, afirma Verma: "Mesmo as melhores máscaras têm algum grau de vazamento. Ainda é importante manter distância física ao usá-las para mitigar a transmissão".

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