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Saúde

Vítima que teve falso positivo para HIV por laboratório investigado presta depoimento à polícia

Tatiane Andrade, de 31 anos, fez o exame em setembro do ano passado quando deu à luz à segunda filha

Vítima conta que fez os testes durante a gravidez, e todos tinham dado negativoVítima conta que fez os testes durante a gravidez, e todos tinham dado negativo - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Uma mulher que teve um falso positivo para HIV feito pelo laboratório PCS Lab Saleme prestou depoimento na Delegacia Especial de Crimes Contra o Consumidor (Decon), nesta terça-feira.

Tatiane Andrade, de 31 anos, fez o exame em setembro do ano passado, quando deu à luz à segunda filha. Por causa do diagnóstico, ela não pode amamentar e a bebê ficou internada por 28 dias, tomando coquetel anti-HIV. Tatiane também precisou tomar os medicamentos emergenciais de prevenção.

Até hoje eu tenho impactos de não poder ter amamentado minha filha. Eu não pude ter aquele contato de mãe e filha, não cuidei dela. Eu fiquei em choque afirma Tatiane.

A vítima conta que fez os testes durante a gravidez, e todos tinham dado negativo. Ela ficou abalada quando soube, no dia do nascimento de sua filha, que havia testado positivo. Um mês depois do tratamento, a dona de casa refez os exames em outro laboratório e testou negativo. Na dúvida, ela ainda fez exames com mais um laboratório diferente, que também deu negativo.

Foi no momento que eu estava mais fragilizada na minha vida. Isso poderia ter acabado com meu casamento, se não tivesse tanta confiança entre a gente. Pelo tempo que eu fiquei sem saber o resultado correto, daria para o meu esposo duvidar de mim e ir embora desabafa a vítima.

A bacharel em Direito soube do caso pela imprensa e decidiu denunciar. Nesta segunda-feira ela registrou a ocorrência na Delegacia de Nova Iguaçu, e foi chamada para depor nesta terça-feira na Decon, que investiga o caso de seis pacientes infectados por HIV após exames errados não atestarem presença do vírus em sangue de doadores de órgãos.

Entenda o caso
Na última sexta-feira, a rádio BandNews divulgou uma reportagem revelando que seis pessoas testaram positivo para HIV após receberem órgãos infectados em cirurgias feitas no Rio. No mesmo dia, a Delegacia do Consumidor (Decon) instaurou um inquérito para investigar o laboratório PCS Lab Saleme, que tem sede em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense e foi contratado pela Fundação Saúde, que é ligada à Secretaria estadual de Saúde.

Parte da equipe do PCS Lab Saleme, inclusive os sócios, é alvo de ações para entender se os exames foram fraudados e se há outros casos. Quatro pessoas tiveram as prisões temporárias por cinco dias decretadas pela Justiça: Walter Vieira, Jacqueline Iris Barcellar de Assis, Cleber de Oliveira Santos e Ivanilson Fernandes dos Santos.

Walter, sócio do laboratório, e Ivanilson foram presos durante uma operação da Decon nesta segunda-feira. De acordo com as investigações, Ivanilson seria um dos responsáveis técnicos pelos laudos. Já Cleber de Oliveira Santos, ainda segundo a Polícia Civil, estaria atuando no protocolo dos exames junto com Ivanilson.

Jacqueline é citada na decisão judicial que decretou as prisões junto com Walter: "Apurou-se, ainda, que dois resultados com 'falsos-negativos' para sorologia de HIV foram assinados por Walter Ferreira e Jacqueline Iris Barcellar de Assis, respectivamente, sócio administrador e funcionária do laboratório (...) Apurou-se, ainda, que a formação da indiciada Jacqueline é desconhecida, havendo referências de que dados inseridos no cadastro do Conselho Regional de Biomedicina seriam inidôneos".

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