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Rússia

Viúva de Navalny manteve reunião com ministros de Relações Exteriores da UE

Chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, assegurou que o presidente russo, Vladimir Putin, terá que prestar contas pela morte de Navalny

 Yulia Navalnaya, esposa do falecido líder da oposição russa Alexei Navalny Yulia Navalnaya, esposa do falecido líder da oposição russa Alexei Navalny - Foto: Kai Pfaffenbach/AFP

Os ministros de Relações Exteriores da UE, reunidos em Bruxelas, receberam, nesta segunda-feira (19), como convidada, Yulia Navalnaya, a viúva do opositor russo Alexei Navalny, morto recentemente em uma prisão russa do Ártico.

Ao fim desse encontro a portas fechadas, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, assegurou que o presidente russo, Vladimir Putin, terá que prestar contas pela morte de Navalny.

"Vladimir Putin e seu regime terão que prestar contas pela morte de Alexei Navalny", assegurou Borrell em uma mensagem na rede X.

"Como Yulia disse, Putin não é Rússia, e a Rússia não é Putin", apontou Borrell em sua mensagem.

De acordo com um diplomata europeu, ao entrar no local das reuniões, os ministros aplaudiram Navalnaya de pé.

Fontes coincidentes disseram que, em sua breve mensagem, a viúva se comprometeu a continuar o ativismo de seu marido, tal como já havia prometido em vídeo divulgado em suas redes sociais no início do dia.

Navalnaya, que não via seu esposo há dois anos, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de ser "pessoalmente responsável" pela morte de seu marido e pediu à comunidade internacional que se una para derrubar o "regime aterrorizador" de Putin.

"Vladimir Putin matou meu marido, Alexei Navalny. Putin matou o pai dos meus filhos", afirmou Navalnaya contendo as lágrimas em um vídeo publicado nesta segunda-feira nas redes sociais.

"Com ele, (Putin) quis matar nosso espírito, nossa liberdade, nosso futuro", acrescentou.

Navalny era o opositor ao Kremlin de maior destaque e havia se tornado muito popular por suas denúncias de supostos casos de corrupção sob o governo de Putin.

Em 2020, Navalnaya conseguiu que seu marido, que estava em coma na Sibéria por causa de um envenenamento, conseguisse sair da Rússia. Também esteve ao seu lado quando ele voltou à Rússia vindo da Alemanha, antes de que o prendessem.

Navalny, condenado por "extremismo", cumpria uma pena de 19 anos em uma colônia penitenciária remota do Ártico após julgamentos que, segundo múltiplas vozes, obedeciam a motivos políticos.

Até o momento, Putin não se pronunciou publicamente sobre a morte de Navalny.

Consternação
Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusou os dirigentes ocidentais de terem reações "absolutamente inaceitáveis" e "histéricas" sobre a morte de Navalny, que causou consternação no mundo.

A investigação sobre a morte de Alexei Navalny "segue em curso" e não chegou à nenhuma conclusão "até o momento", declarou Peskov nesta segunda, ao mesmo tempo que os familiares do opositor russo pedem a entrega de seus restos mortais.

No domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que não se tirem conclusões precipitadas sobre a morte de Navalny.

"É uma questão de bom senso. Se a morte está sob suspeita, temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu", declarou Lula em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde participou como convidado da cúpula anual da União Africana.

No entanto, o ministro italiano de Relações Exteriores, Antonio Tajani, destacou que as palavras de Navalnaya ante os ministros europeus lhes "farão sentir a ameaça que pesa sobre os cidadãos russos e sobre cada região" da Europa.

Grupos de direitos humanos informaram que a polícia russa prendeu mais de 400 pessoas que participaram de homenagens ao opositor.

Apenas em São Petersburgo, 154 pessoas receberam ordens breves de prisão por participar de tributos a Navalny, segundo a questão de fundo das decisões publicadas pelos serviços judiciais locais.

Em várias cidades europeias foram realizadas manifestações em homenagem ao opositor russo.

Na Alemanha, os manifestantes deixaram oferendas com flores e velas em vigília em frente à embaixada russa em Berlim.

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