SAÚDE

Você acrescenta sal na comida já preparada? Hábito aumenta em 41% o risco de um tipo de câncer

Estudo do Centro de Saúde Pública da MedUnni Viena, na Áustria, foi feito com 470 adultos

O sal em excesso pode ser vilão para a saúde O sal em excesso pode ser vilão para a saúde  - Foto: Freepik

Uma pesquisa feita pelo Centro de Saúde Pública da MedUnni Viena, na Áustria, mostrou que pessoas que adicionam sal à comida pronta frequentemente têm cerca de 40% mais risco de desenvolver câncer de estômago em comparação a quem não usa um saleiro à mesa. O estudo foi baseado em dados de mais de 470 mil adultos e foram retirados do UK Biobank — banco de dados biomédico que contém informações genéticas, de estilo de vida e de saúde, além de amostras biológicas, de meio milhão de britânicos.

Os pesquisadores avaliaram respostas para a questão “Com que frequência você adiciona sal à sua comida?”, coletadas de 2006 a 2010. A pesquisa se baseou nestes resultados e foi liderada por Selma Kronsteiner-Gicevic e Tilman Kühn, da Universidade de Viena.

O estudo mostrou que os indivíduos que relataram adicionar sal sempre ou frequentemente à comida tinham 39% mais chances de desenvolver câncer de estômago em um período de aproximadamente 11 anos, em comparação com aquelas que raramente ou nunca adicionavam sal extra.

— Nossos resultados também levaram em conta fatores demográficos, socioeconômicos e de estilo de vida e foram igualmente válidos para as comorbidades predominantes — afirmou Kronsteiner-Gicevic, enfatizando a importância dos dados

O estudo comprova um alerta dado pelos especialistas à população sobre os riscos do excesso de sal:

— A gente já tem associado o consumo de alimentos com excesso de sal ao câncer de estômago — explicou Duilio Reis Da Rocha Filho, oncologista clínico e membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais alto da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica),

Segundo ele, o número de casos deste tipo de tumor caiu de forma rápida, após a criação e popularização de outras formas e ferramentas para conservar alimentos — o que era comumente feito com o sal. No entanto, nos últimos 20 anos, é possível observar que a queda vem sendo substituída por uma estabilidade.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para novos casos de câncer de estômago no Brasil para cada ano do triênio de 2023 a 2025 é de 21.480 casos, praticamente estável em relação aos 21.230 estimados para o triênio imediatamente anterior.

 

Como o excesso de sal age no estômago?
André Augusto Pinto, cirurgião geral e bariátrico da Clínica Gastro ABC, esclarece que o motivo do excesso de consumo do sal aumentar as chances de câncer gástrico ainda é estudado. Entretanto, ele explica que grande parte dos especialistas acreditam que haja um processo inflamatório intenso na mucosa do estômago que, ao longo prazo, pode levar à multiplicação desordenada de células.

Este tipo de câncer pode ter diversas causas, entre elas, questões genéticas, tabagismo e álcool — o excesso de sal não é o único vilão.

O especialista avalia que cada vez mais médicos e nutricionistas orientam seus pacientes a diminuírem o consumo de sal, além de estarem pressionando a indústria alimentícia para reduzir o uso sal na produção de alimentos, principalmente nos ultraprocessados.

De acordo com o médico, existem outros alimentos ricos em sal, para além dos embutidos.

— Destaco os ultraprocessados. Salgadinhos, temperos prontos, e os macarrões “instantâneos”.

Para da Rocha Filho, além de evitar estes alimentos, o ideal seria manter uma quantidade mínima necessária de sal na preparação de refeições. Outra dica que o médico dá pode ser a mais difícil, mas essencial para evitar o consumo em excesso: retirar o saleiro da mesa.

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