Voluntários fazem campanha para ajudar unidades de saúde de Manaus
Campanha de doações, que era para ser local, ganhou dimensão nacional após ser compartilhada por artistas
Antes da escassez de oxigênio provocada por um novo pico de casos da Covid-19 em Manaus (AM), um grupo de jovens voluntários se uniu na cidade para ajudar unidades de saúde locais. Por meio do contato com médicos e enfermeiros, eles souberam que faltam vários produtos no atendimento aos pacientes: máscaras, luvas, aventais e fraldas geriátricas.
Começaram então a mobilização junto aos moradores para conseguir recursos, comprar os insumos e entregá-los nas unidades de saúde.
Dois dias depois, no entanto, o sistema de saúde do Amazonas colapsou devido ao grande número de internações de pacientes com a Covid-19, o que provocou uma demanda por oxigênio quase três vezes superior ao que os fornecedores são capazes de entregar.
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Nesse cenário, a campanha de doações, que era para ser local, ganhou dimensão nacional após ser compartilhada por artistas como Tatá Werneck, Tom Cavalcante e Fábio Porchat.
"Vamos ajudar? Manaus clama por ajuda. Pessoas sem oxigênio em hospitais lotados. Qualquer ajuda salva vidas nesse momento", pediu Tatá ao divulgar a mobilização.
Os jovens têm entre 25 e 30 anos e já atuam em causas sociais em Manaus. Eles fazem parte de dez organizações que estão juntas na campanha que ganhou repercussão na internet devido ao caos na saúde do Amazonas.
"Trabalhamos com ações voluntárias para atender pessoas em situação de rua, crianças e famílias carentes", diz Italo Malveira, do Projeto Somar. "E decidimos nos unir e fazer algo pela saúde de Manaus".
O grupo arrecadou R$ 300 mil até a noite de quinta-feira (14). A meta inicial era conseguir R$ 30 mil. Nesta sexta (15), os voluntários pretendem comprar os produtos que faltam nas unidades de saúde e começar a entregar para médicos, enfermeiros e familiares de pacientes.
Eles também se organizaram para comprar oxigênio de outros estados e chegaram a negociar frete solidário com companhias aéreas. No entanto, nesse caso o transporte depende de burocracias como uma autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"E somos apenas um grupo de jovens voluntários", lembra Italo.
A capital do Amazonas enfrenta um cenário de filas nos hospitais, aumento das mortes sem atendimento e recorde de sepultamentos em um único dia.
A situação levou o governo do estado a publicar um decreto na noite desta quinta que barra a realização do Enem devido à calamidade causada pelo avanço na pandemia de coronavírus.