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Guerra

Xi diz a Zelensky que negociar é a 'única saída' para a guerra Ucrânia-Rússia

Zelensky anunciou a nomeação de um embaixador para a China

Volodymyr Zelensky e Xi Jinping Volodymyr Zelensky e Xi Jinping  - Foto: Genya Savilov e Vladimir Astapkovich/AFP

O presidente chinês, Xi Jinping, disse nesta quarta-feira (26) a seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, que o "diálogo e a negociação" são o único caminho para a paz, na primeira conversa entre ambos desde o início da ofensiva russa na Ucrânia.

"Sobre a questão da crise ucraniana, a China sempre esteve do lado da paz e sua posição fundamental é promover um diálogo de paz", afirmou o presidente chinês, segundo a rede estatal CCTV.

"O diálogo e a negociação" são a "única saída" para o conflito com a Rússia, afirmou.

Zelensky confirmou em um tuíte que teve uma "longa e significativa" conversa com seu homólogo chinês.

A ligação durou "quase uma hora", segundo o porta-voz de Zelensky, e foi de "iniciativa da parte ucraniana", destacou o Ministério de Relações Exteriores chinês.

Depois da conversa, Zelensky anunciou a nomeação de um embaixador no gigante asiático, um cargo vago desde fevereiro de 2021. Será ocupado pelo ex-ministro de Industrias Estratégicas, Pavlo Riabikin, de 57 anos, informou a Presidência.

O governo chinês anunciou, por sua vez, que "enviará um representante especial [...] à Ucrânia e outros países para manter uma comunicação em profundidade com todas as partes com vistas a uma solução política para a crise ucraniana".

O telefonema foi o primeiro entre os dois chefes de Estado desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. A última vez que Xi e Zelensky tinham se falado por telefone foi em julho de 2021.

A Rússia enalteceu os esforços de Pequim, mas reprovou Kiev por "rejeitar qualquer iniciativa que busca uma solução política e diplomática para a crise".

Os Estados Unidos e a União Europeia elogiaram as gestões chinesas, à espera de conhecer mais detalhes.

"Consideramos boa a notícia de que houve uma conversa telefônica entre o presidente Xi e o presidente Zelensky", disse a jornalistas o porta-voz da Segurança Interna da Casa Branca, John Kirby.

"Certamente daríamos as boas-vindas a qualquer esforço para alcançar a paz, desde que seja justa, sustentável e confiável" e que nela estejam implicados "pessoalmente o presidente Zelensky" ou seus assessores, acrescentou.

O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, em visita à Colômbia, expressou seu desejo de que esta conversa telefônica seja "um primeiro passo para que a China desempenhe um papel e [para] convencer a Rússia a parar com sua agressão".

Um alto dirigente da UE, que pediu o anonimato, afirmou que o bloco incentivou a China, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a compartilhar a responsabilidade mundial de defender e fazer respeitar a Carta das Nações Unidas e os princípios do direito internacional".

A fonte acrescentou que a UE "toma nota da intenção da China de mandar um enviado especial à Ucrânia" e que espera saber "mais detalhes" desta iniciativa.

'Neutralidade' chinesa

Em fevereiro, Zelensky destacou a necessidade de "trabalhar" com a China para resolver o conflito com a Rússia e, em março, reiterou o desejo de dialogar com Xi.

Segundo a CCTV, Xi lembrou a Zelensky seu repúdio a qualquer recurso à arma nuclear, incluindo seu plano de 12 pontos para a paz, publicado em fevereiro.

A iniciativa chinesa, apresentada há alguns meses, também incluía um chamado para que Moscou e Kiev mantivessem negociações e defendia o respeito à integridade territorial de todos os países.

A China não condenou a ofensiva russa na Ucrânia e, nos últimos meses, intensificou sua cooperação política e econômica com a vizinha Rússia. O governo afirma, no entanto, ter uma posição neutra sobre o conflito.

Pequim, de fato, tampouco reconheceu a anexação russa no final de setembro de quatro províncias ucranianas, entre elas Donetsk e Luhansk no leste, e Kherson e Zaporizhzhia, no sul, nem reconheceu a anexação da península da Crimeia em 2014.

Lula: 'Fazer a guerra parar'

China e Rússia fazem parte do Brics, bloco que reúne cinco grandes economias emergentes, juntamente com Brasil, Índia e África do Sul, dos quais nenhum apoiou as sanções adotadas pelo Ocidente contra a Rússia pela invasão da Ucrânia.

O Brasil, inclusive, provocou mal-estar em Washington, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em meados de abril, após visitar Pequim, que os Estados Unidos incentivavam a guerra na Ucrânia.

Lula insistiu nessa quarta, em Madri, que ambas as partes deveriam negociar a paz.

"Ninguém pode ter dúvida que nós brasileiros condenamos a violação territorial que a Rússia fez contra a Ucrânia. O erro aconteceu e a guerra começou", afirmou Lula em uma entrevista coletiva ao lado do presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez.

Porém, em seguida, ele acrescentou: "Agora não adianta ficar dizendo quem está certo ou errado. O que precisa é fazer a guerra parar".

Já a França afirmou que "apoia qualquer diálogo" que possa "contribuir para resolver o conflito" na Ucrânia, "conforme os interesses fundamentais" de Kiev e "o direito internacional".

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