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China

Xi Jinping solidifica controle sobre o Partido Comunista Chinês em congresso

Partido respaldou "papel central" do presidente Xi Jinping, que se prepara para possível reeleição em um terceiro mandato inédito

Xi Jinping, presidente da ChinaXi Jinping, presidente da China - Foto: Aris Messinis/AFP

O Partido Comunista Chinês respaldou, neste sábado (22), o "papel central" do presidente Xi Jinping, no encerramento de um congresso de sete dias que deve levar a sua reeleição para um inédito terceiro mandato no comando da formação e do país.

Os quase 97 milhões de integrantes do partido devem "defender o papel central do camarada Xi Jinping no Comitê Central do Partido e no Partido em seu conjunto" afirma uma resolução aprovada de forma unânime no último dia do congresso do partido, fundado em 1921 e no poder desde 1949.

No discurso de encerramento, Xi Jinping afirmou que o Partido Comunista deve "sofrer" e "vencer" para "seguir avançando". Também destacou o papel da China, segunda maior economia do planeta, com um crescente peso no cenário internacional.

"Ousem lutar, ousem vencer, abaixem a cabeça e trabalhem duro, estejam determinados a seguir avançando", afirmou com ar triunfal diante dos quase 2.300 delegados reunidos no Grande Salão do Povo na capital chinesa.

No domingo, Xi Jinping deve ser reeleito como secretário-geral do PCC após a primeira reunião do renovado Comitê Central.

A nomeação será o prelúdio de um inédito terceiro mandato para Xi como presidente chinês durante a reunião anual da Assembleia Popular Nacional, que acontecerá em março.

O 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês desde sua criação em 1921 aconteceu em um momento delicado para o gigante asiático, que enfrenta uma desaceleração econômica provocada pelos repetidos confinamentos anticovid e por tensões diplomáticas com o Ocidente.

Durante uma semana, os mais de 2.000 delegados selecionados entre os diversos organismos do partido se reuniram a portas fechadas em Pequim para remodelar a cúpula de poder da formação e, em consequência, definir a orientação das futuras políticas do país.

Os delegados escolheram os quase 200 membros do novo Comitê Central, uma espécie de parlamento interno do partido, que teve a nova composição publicada pela agência oficial Xinhua. 

Entre os nomes importantes que deixam seus cargos está o primeiro-ministro Li Keqiang.

O número três do governo chinês Li Zhanshu, o vice-primeiro-ministro Han Zheng e Wang Yang, presidente da Conferência Consultiva Política do Povo - uma assembleia sem poder de decisão - também deixam seus cargos.

De acordo com cálculos da AFP, o novo Comitê Central registra uma renovação de 65% em comparação com a lista anterior, de 2017. 

Fim da "transição"
Em uma cena incomum nestas reuniões tão ensaiadas, o ex-presidente Hu Jintao (2003-2013) foi retirado escoltado do Grande Salão do Povo antes do fim do congresso.

Visivelmente contrariado, o político de 79 anos foi convidado por funcionários do partido a deixar sua cadeira na primeira fila ao lado de Xi Jinping. 

Algumas horas depois, a agência oficial Xinhua afirmou que Hu deixou o local por um mal-estar físico.

"Como não se sentiu bem durante a sessão, sua equipe, por sua saúde, o acompanhou até uma sala anexa para repouso. Ele está muito melhor agora", acrescentou a agência.

Para permanecer no poder, Xi, 69 anos, conseguiu suprimir em 2018 o limite constitucional de dois mandatos e pode, em tese, presidir a República Popular da China até o fim de sua vida.

"Este terceiro mandato acabará com três décadas de transição (supervisionada) do poder na China", afirmou Neil Thomas, analista da consultoria de risco político Eurasia Group.

Analistas e a imprensa especulam sobre o desejo de Xi de rebatizar seu cargo como "presidente do partido", título que era usado pelo fundador da China comunista, Mao Tsé-Tung (1949-1976).

Profunda reforma do partido
O congresso deve levar a uma profunda remodelação do Comitê Permanente do Politburo, órgão atualmente com sete membros e que é a principal instância do poder na China. A sua composição também será conhecida no domingo.

De acordo com a tradição, os integrantes do Comitê Permanente serão anunciados por ordem de importância, com o primeiro lugar reservado ao secretário-geral.

O segundo ou o terceiro na ordem deve ser o sucessor de Li Keqiang como primeiro-ministro a partir de março.

O novo Comitê Permanente será formado "majoritariamente por personalidades leais a Xi Jinping", afirma Nis Grünberg, analista do Instituto Mercator de Estudos Chineses em Berlim.

Muitos sinólogos consideram que nenhum potencial sucessor de Xi Jinping emergirá do congresso.

Desde que chegou ao poder no fim de 2012, Xi passou a acumular poder na segunda maior potência mundial e fortaleceu a autoridade do regime.

Líder do partido, chefe de Estado, comandante do exército: ele defendeu a continuidade política durante um discurso de tom triunfal na abertura do Congresso.

A estratégia "covid zero" também deve prosseguir, apesar das consequências negativas econômicas e do cansaço cada vez maior da população com os confinamentos e restrições.

O congresso também aprovou neste sábado a "inclusão na Constituição do Partido (...) sua oposição resoluta e a dissuasão aos separatistas que buscam a 'independência de Taiwan'".

As autoridades da ilha, que vive separada de fato da autoridade de Pequim desde 1949, pediram aos governantes da China continental que "renunciem a sua antiga mentalidade de invasão e confronto e resolvam as divergências por meios pacíficos, equitativos e realistas".

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