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FERIMENTOS

Morte do líder do Hamas: Saiba como o corpo de Yahya Sinwar foi identificado

Apontado como mentor do atentado de 7 de outubro de 2023, líder do Hamas foi morto durante operação no sul do enclave palestino

Yahya Sinwar era apontado como o maior responsável pelos ataques de 7 de outubro a Israel Yahya Sinwar era apontado como o maior responsável pelos ataques de 7 de outubro a Israel  - Foto: Mohammed Abed/AFP

O líder do Hamas, Yahya Sinwar, morreu durante uma operação do Exército israelense em Gaza, confirmaram em comunicado as Forças Armadas e a Autoridade de Segurança de Israel (ISA, na sigla em inglês) divulgado nesta quinta-feira.

Inicialmente a unidade militar que encontrou os homens do Hamas não estavam em uma operação de neutralização de um alvo específico e não tinham informações prévias sobre a presença do líder do Hamas, informou o jornal israelense Haaretz. Assim, a morte foi confirmada após a realização de exames de DNA e a comparação com registros dentários.

"A FDI e a ISA confirmam que após uma perseguição de um ano, ontem (quarta-feira), 16 de outubro de 2024, soldados do Comando Sul das FDI eliminaram Yahya Sinwar, o líder da organização terrorista Hamas, em uma operação no sul da Faixa de Gaza. Yahya Sinwar planejou e executou o massacre de 7 de outubro, promoveu sua ideologia assassina antes e durante a guerra e foi responsável pelo assassinato e sequestro de muitos israelenses", afirma o comunicado conjunto.

O corpo de Sinwar tinha vários ferimentos graves, incluindo na cabeça e um na perna, segundo informou o jornal New York Times a partir de algumas fotos obtidas. Apesar do corpo ter as características correspondentes às características do palestino, incluindo o formato dos dentes e algumas pintas próximas aos olhos, os ferimentos dificultavam a confirmação, destacou o jornal.

Identificação
Exames de DNA realizados em Israel confirmaram que os restos mortais eram de Sinwar, segundo duas autoridades israelenses que falaram ao Washington Post sob condição de anonimato.

Um outro exame, de reconhecimento pela arcada dentária, também teria confirmado a identidade do palestino. O New York Times também afirmou que as autoridades israelenses analisaram as impressões digitais.

Israel tem os registros médicos de Sinwar devido ao tempo que passou preso no país. Sua primeira prisão foi em 1982, por "atividades islâmicas", sendo novamente detido em 1985. Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.

Ainda no comunicado, o comando israelense afirma que dezenas de operações realizadas no último ano, incluindo algumas nas últimas semanas na área onde Sinwar foi morto, restringiram o movimento operacional do líder do Hamas, levando a sua localização e eliminação.

Há um ano, a localização de Sinwar era um mistério para as autoridades israelenses, que prometeram eliminar a ameaça do Hamas em Gaza e punir os responsáveis pelo atentado de 7 de outubro. Muito se especulou que o líder palestino estivesse escondido na densa rede de túneis mantida pelo grupo para operações ofensivas e deslocamentos no enclave.

Uma das hipóteses levantadas foi de que Sinwar teria se cercado de reféns capturados em Israel para impedir ou dificultar uma operação contra ele. Outra hipótese é de que se vestisse de mulher para escapar das operações. De acordo com o relato inicial israelense, não havia nenhum refém no local da operação.

'Conquista significativa'
Em uma mensagem encaminhada a dezenas de contatos diplomáticos ao redor do mundo, obtida pela rede britânica BBC, o chanceler Israel Katz descreveu a morte de Sinwar como "uma conquista militar e moral significativa para Israel e uma vitória para todo o mundo livre contra o eixo do mal do islamismo radical liderado pelo Irã".

"A eliminação de Sinwar abre a possibilidade para a libertação imediata dos reféns e abre caminho para uma mudança que levará a uma nova realidade em Gaza — sem o Hamas e sem o controle iraniano", concluiu o ministro das Relações Exteriores.

Mais cedo, em uma postagem enigmática nas redes sociais mais cedo, o ministro da Defesa de israelense, Yoav Gallant, publicou fotos de líderes do Hamas e do Hezbollah mortos, Mohammed Deif e Hassan Nasrallah, com uma terceira imagem ainda apagada, todos com um sinal de eliminado.

"Nossos inimigos não podem se esconder. Nós os perseguiremos e eliminaremos", escreveu Gallant.

Quem é Yahya Sinwar?
Líder do Hamas em Gaza desde 2017, Sinwar, de 62 anos, foi apontado como o maior responsável pelo ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023, quando quase 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas.

Ele nasceu no campo de refugiados de Khan Younis e entrou para a militância armada quando Israel ainda ocupava a Faixa de Gaza. Durante seus primeiros anos na prisão, se aproximou do fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e assumiu o serviço de segurança interna do grupo.

Seus alvos, além de pessoas acusadas de colaborarem com Israel, eram as “atividades imorais”, como lojas com material pornográfico.

Na prisão, tornou-se fluente em hebraico e, após ter feito uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro, chegou a receber uma proposta para colaborar com Israel. Ele recursou. Em 2011, quando houve aquela que, até agora, era a mais famosa troca de reféns por prisioneiros da História de Israel — a de mil palestinos pelo soldado Gilad Shalit — Sinwar ganhou a liberdade e voltou para Gaza como um nome de destaque do Hamas.

Seis anos depois, em 2017, quando já integrava uma lista de pessoas consideradas terroristas pelos EUA, foi escolhido chefe do conselho político do Hamas na Faixa de Gaza, sucedendo a Ismail Haniyeh, que vivia no Catar. Apesar do passado “linha-dura”, que incluiu a ordenação de execuções de adversários mesmo quando estava na cadeia, os primeiros sinais enviados a Israel eram um pouco diferentes.

Em 2018, mandou mensagens, incluindo ao próprio premier Benjamin Netanyahu, afirmando que estava cansado da guerra e que seu objetivo era transformar Gaza numa sociedade funcional e pacífica. Um discurso que, como apontam analistas hoje, convenceu muita gente.

Ao longo dos anos, Sinwar manteve contatos indiretos com o governo israelense e com a Autoridade Nacional Palestina, que controla a Cisjordânia ocupada, obtendo inclusive novas permissões para cerca de 18 mil palestinos que vivem em Gaza trabalhassem em Israel. A ideia que passava era de que o Hamas não estava preocupado com a guerra, mas sim com o dia a dia dos mais de 2 milhões de habitantes do enclave.

Após a morte do chefe do Gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um bombardeio israelense em Teerã, em julho, Sinwar foi nomeado como seu sucessor.

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