Vagdani: quem é o militar de Israel que deixou o Brasil após ser investigado por crimes de guerra
Soldado israelense passou a ser investigado por atos cometidos na Faixa de Gaza
O soldado israelense Yuval Vagdani, de 21 anos, deixou o Brasil neste domingo após receber ajuda da Embaixada de Israel em Brasília. De férias em solo brasileiro, ele passou a ser alvo de um inquérito instaurado por determinação da Justiça do Distrito Federal por supostos crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza.
Yuval Vagdani integra o 432º Batalhão das Brigadas Givati. De acordo com a Fundação Hind Rajab (HRF, na sigla em inglês), uma organização internacional sediada na Bélgica que defende os direitos palestinos e foi a autora da petição que resultou na decisão da Justiça brasileira, o soldado teria participado de demolições massivas de residências civis em Gaza, em meio a uma campanha sistemática “de destruição”.
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“Esses atos fazem parte de um esforço mais amplo para impor condições de vida insuportáveis aos civis palestinos, o que constitui genocídio e crimes contra a Humanidade segundo o direito internacional”, afirmou a organização.
De acordo com informações contidas nos autos judiciais, aos quais o portal Metrópoles teve acesso, o soldado publicou um vídeo no Instagram com imagens do corredor Netzarim dias antes da demolição.
"Que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus alicerces", dizia a legenda do post.
O militar também teria posado em frente a escombros de imóveis na área, em meio à colocação de explosivos para a demolição.
Saída do Brasil
Segundo o embaixador israelense Daniel Zonshine, a saída do soldado, que estava na Bahia, foi acompanhada pela representação de seu país na capital federal. Houve contatos telefônicos e um representante da embaixada foi ao aeroporto aguardar que Vagdani deixasse o território brasileiro.
-- Acompanhamos à distância o processo de saída dele, para sabermos qual a sua situação. Nós acompanhamos a saída. A decisão e a ação foram dele -- disse Zonshine, neste domingo.
Sem dar detalhes, ele acrescentou ter conversado com o militar por telefone, com o objetivo de garantir uma saída rápida e segura. Informações extraoficiais apontam que o soldado deixou o Brasil pelo aeroporto de Salvador e seguiu para a Argentina.
Procurado, o Itamaraty não se manifestou.
Em nota divulgada neste domingo, o governo israelense ressaltou que Israel está exercendo seu direito à autodefesa, após o "massacre brutal cometido pelo grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023". O texto assegura que todas as operações militares em Gaza são conduzidas em total conformidade com o direito internacional.
"Os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses", diz um trecho do comunicado.
O governo de Israel reafirmou que o país tem sido alvo de uma campanha global, marcada por denúncias ilegais. De acordo com a nota, a HRF está explorando "de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel tanto globalmente quanto no Brasil".