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Luto

José de Oliveira, o Zé, criador do Boi da Macuca, morre aos 67 anos

Zé da Macuca, durante o cortejo do BoiZé da Macuca, durante o cortejo do Boi - Foto: Máquina 3

Pernambuco perdeu um grande ícone de sua cultura popular. José de Oliveira, mais conhecido como Zé da Macuca, 67 anos, faleceu à 0h47 da madrugada desta sexta-feira (21), no Hospital Santa Joana. Apesar de ter sido diagnosticado com Covid-19, a causa da morte foi insuficiência cardíaca não relacionada com a doença. O velório e crematório serão realizados às 16h, no Cemitério Morada da Paz, em cerimônia restrita aos familiares e amigos próximos.

Zé da Macuca deu entrada no hospital na tarde da última segunda-feira (17), mas não conseguiu reverter o quadro clínico. Na página oficial da Macuca, seu filho e parceiro no comando da agremiação, Rudá, fez uma postagem homenageando sua vida. A Secretaria de Cultura de Pernambuco e p prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), também divulgaram notas de pesar (leia abaixo).

Segundo Rudá, o corpo de Zé da Macuca será cremado e suas cinzas jogadas no lago em seu sítio, assim como era seu desejo. Rudá garante que as atividades culturais promovidas pelo Boi da Macuca - que eram produzidas em conjunto com o pai - não serão interrompidas. Ele disse que homenagens serão preparadas para saudar a memória de Zé.

"A vida do meu pai foi contruída a base de muito amor e dedicação pela cultura popular e a música nordestina. O legado de Luiz Gonzaga e Dominguinhos estava na veia dele e ele passou isso para mim", lembrou.

Notas de pesar:

A Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentam o falecimento do fundador da entidade cultural pernambucana Boi da Macuca, o geólogo José Oliveira Rocha, popularmente conhecido como Zé da Macuca, que partiu nesta sexta-feira (21).

Ao lado do filho Rudá Rocha, Zé da Macuca conseguiu transformar o sítio de sua família, localizado na zona rural da cidade pernambucana de Correntes (Agreste), em um dos mais tradicionais polos culturais do Estado, graças à sua inventividade e paixão efusiva pela cultura popular.

A história de Zé e seu famoso Boi da Macuca começam em 1989, quando ele abandona sua carreira profissional para ocupar as terras deixada por seu pai, no Agreste pernambucano. Embora tenha aprendido a cuidar da terra e do gado, Zé descobriu a existência de um boi mítico e brincante que, por ser símbolo da cultura da região, se transformou na sua verdadeira razão de viver. Desde então, ele assumiu o comando da agremiação e levou-a para além das fronteiras de Pernambuco e do Brasil, com cortejos que já desfilaram por Olinda, Recife, Festival de Inverno de Garanhuns (PE) e Festival de Inverno de Ouro Preto (MG), além de turnês pela Europa.

Como polo cultural, o sítio de Zé, em Correntes, abriga anualmente o tradicional São João da Macuca e o Festival Macuca das Artes (festival de artes integradas), eventos que atraem centenas de pessoas ao interior do Estado. Além das festas no sítio, há ainda no calendário da agremiação o Baile da Macuca (prévia de Carnaval em Olinda) e o Forró da Macuca (prévia de São João em Olinda).

"Nosso parceiro no Festival de Inverno de Garanhuns, Zé era um defensor incansável da nossa cultura. Ele expandiu as festividades do Boi da Macuca e transformou-o numa das mais importantes e respeitadas entidades culturais de Pernambuco. Vou sempre me lembrar da sua alegria e seu sorriso largo à frente dos cortejos, que ele tão bem conduziu por anos", disse o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto.

"Zé da Macuca construiu um legado importantíssimo para a cultura pernambucana. Do Carnaval ao São João, do frevo ao forró, ele nos revelou o verdadeiro sentido das festas populares: estar junto ao povo, celebrar junto ao povo", ressaltou Gilberto Freyre Neto, secretário estadual de Cultura.

À família, admiradores e brincantes do Boi da Macuca, ficam aqui registrados nosso lamento, nossa gratidão e o compromisso de seguir contribuindo para a preservação de sua memória.

"Com profunda tristeza recebemos a notícia da morte de José Oliveira Rocha, o capitão Zé da Macuca. 

Em uma só morte, duas tristezas. José Oliveira era um cidadão inteligente, partícipe das transformações sociais. Mas também era o Zé da Macuca, um artista e produtor cultural que transformou seu sonho de cultura popular em realidade e em movimento, tornando-se marca de um lugar, de uma geração e de um povo.

Zé da Macuca não morreu, encantou-se, e vai animar as brincadeiras populares no céu. Sofrem Correntes, Garanhuns, Olinda e todos aqueles que que amam a cultura de Pernambuco.

Aos familiares, fãs e amigos, nossos sinceros sentimentos e pêsames.

Garanhuns, 21 de Maio de 2021.

Sivaldo Rodrigues Albino
Prefeito de Garanhuns"

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Biografia

Zé foi o idealizador do Boi da Macuca, agremiação fundada por ele. A história do Boi começou depois que José de Oliveira realizou seu aniversário com amigos na fazenda do pai, na saída da rodovia que liga Garanhuns a Correntes, no agreste pernambucano. Lá, decidiram aprender a cultivar a terra, largaram seus empregos e foram morar onde hoje acontecem os festivais São João da Macuca e o Macuca Jazz. 

De todos os amigos, apenas ele ficou na fazenda. Foi então que descobriu a figura mítica do bumba meu boi nas comunidades vizinhas. Típico do Maranhão, o boi-bumbá aparece em outras regiões do Brasil, com variações. Hoje, o Boi da Macuca é considerado uma das referências da cultura pernambucana e participa do desfile do carnaval de Olinda e de eventos culturais de destaque.

 

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