Logo Folha de Pernambuco

ucrânia

Zelensky alerta que fazer concessões à Rússia seria "inaceitável" para a Europa

O presidente ucraniano fez um apelo aos Estados Unidos e aos aliados europeus para que sejam "fortes" e "valorizem" seu relacionamento

Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyPresidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Foto: François Walschaerts / AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, alertou nesta quinta-feira (7) que fazer concessões à Rússia seria "inaceitável" para a Europa, pouco depois de Moscou ter instado as potências ocidentais a negociar sob pena da "destruição do povo ucraniano".

O presidente ucraniano fez um apelo aos Estados Unidos e aos aliados europeus para que sejam "fortes" e "valorizem" seu relacionamento, mesmo que a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos lance uma sombra de incerteza sobre a relação entre estes aliados e seu apoio à Ucrânia.

"Falou-se muito sobre a necessidade de ceder diante de [Vladimir] Putin, de recuar, de fazer algumas concessões. Isso é inaceitável para a Ucrânia e inaceitável para toda a Europa", declarou Zelensky em um discurso diante de líderes europeus reunidos em Budapeste.

Mais de dois anos e meio após o início da invasão russa da Ucrânia, Moscou está em uma posição de força no front leste, onde seu Exército avança cada vez mais rápido contra tropas ucranianas, menores e menos equipadas.

O retorno de Trump à Casa Branca aumenta os temores na Ucrânia e entre os europeus de que os EUA retirem seu apoio nos próximos meses.

"Falei com [o presidente eleito] Trump [...] foi uma boa conversa produtiva, mas não podemos dizer quais ações específicas ele tomará", declarou Zelensky.

O mandatário ucraniano também lembrou que as forças russas receberam, segundo Kiev e as potências ocidentais, um reforço de pelo menos 10 mil soldados norte-coreanos.

Zelensky viajou para a Hungria para uma reunião com líderes europeus, onde disse que os laços com os Estados Unidos e a Europa não devem ser "perdidos" após a vitória do republicano.

"Destruição do povo" 
Poucas horas antes, o chefe do Conselho de Segurança russo e ex-ministro da Defesa, Serguei Shoigu, instou as potências ocidentais, em tom ameaçador, a iniciarem negociações favoráveis a Moscou.

"A situação no cenário das hostilidades não favorece o regime de Kiev. O Ocidente pode escolher: continuar o financiamento [à Ucrânia] e a destruição do povo ucraniano ou admitir a realidade existente e começar a negociar", declarou.

Para Kiev, é importante que o Ocidente continue apoiando a Ucrânia, sobretudo após Trump ter criticado repetidamente a magnitude desta ajuda durante sua campanha eleitoral.

A decisão está agora com os americanos, considerou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, nesta quinta-feira.

"Veremos se há propostas" da nova administração, declarou.

A Rússia pede que a Ucrânia entregue suas armas, ceda cinco regiões e renuncie à sua aliança com as potências ocidentais, assim como sua ambição de integrar a Otan, condições que Kiev considera inaceitáveis.

Tanto os EUA, principal aliado político e militar de Kiev, como os países europeus garantiram seu apoio à Ucrânia, mas recusam-se a permitir que esta utilize armas de longo alcance que fornecem para atacar o território russo, por temor de uma escalada.

Novo ataque em Kiev 
Enquanto isso, a Rússia continua seus bombardeios diários à Ucrânia.

Na madrugada desta quinta-feira, Kiev foi alvo de um novo ataque "maciço" de drones russos, indicou a administração militar da capital ucraniana, acrescentando que a defesa antiaérea destruiu "mais de trinta" destes dispositivos que sobrevoavam a cidade e suas periferias.

Partes de drones caíram em seis dos 10 distritos de Kiev e deixaram dois feridos, cujas vidas não estão em perigo, completou.

Até o momento, a Ucrânia tem conseguido resistir à agressão russa e repelir parcialmente estes bombardeios sistemáticos, graças à ajuda ocidental.

Contudo, no último ano, o Exército ucraniano, confrontado por tropas russas maiores e melhor equipadas, recuou e a perda de território se acelerou nas últimas semanas.

Veja também

Argentina rejeita ordem de prisão do TPI porque 'ignora' direito de defesa de Israel
POSICIONAMENTO

Argentina rejeita ordem de prisão do TPI porque 'ignora' direito de defesa de Israel

Coroação do rei Charles III custou R$ 528 milhões ao Reino Unido
FAMÍLIA REAL

Coroação do rei Charles III custou R$ 528 milhões ao Reino Unido

Newsletter