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Zelensky pede na ONU fim do direito de veto da Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, derrotou a Rússia nesta quarta-feira (20)

O presidente da Ucrânia, Volodimir ZelenskyO presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky - Foto: Angela Weiss / AFP

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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, derrotou a Rússia nesta quarta-feira (20) no Conselho de Segurança da ONU, onde pediu o fim do direito de veto de Moscou, antes de se reunir com o colega brasileiro.

Vestindo seu habitual uniforme militar, Zelensky enviou-se pela primeira vez desde a invasão russa na mesma sala da ONU que o representante de Moscou, que se mostrou desinteressado.

“A maior parte do mundo confirma a verdade sobre esta guerra”, disse Zelensky. “É uma agressão criminosa e não provocada da Rússia contra a nossa nação com o objetivo de se apoderar do território e dos recursos da Ucrânia”.

Zelensky pediu que a ONU votasse para retirar o poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança. “É impossível impedir a guerra, porque todos os esforços são vetados pelo agressor, ou por aqueles que aprovam o agressor”, afirmou.

Zelensky reforçou a posição ucraniana de que o poder de veto pertence à antiga União Soviética - um dos vencedores da Segunda Guerra Mundial, após a qual a ONU foi criada -, e não à Rússia do presidente Vladimir Putin.

“Infelizmente, este assento no Conselho de Segurança, que a Rússia ocupa ilegalmente por meio de manipulações nos bastidores após o colapso da União Soviética, tem sido ocupado por mentirosos, cujo trabalho consiste em encobrir a agressão e o genocídio”, declarou Zelensky.

Protestos da Rússia
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que chegou ao Conselho de Segurança depois que Zelensky já tinha dito, debochou a ideia de pôr fim ao veto russo e descreveu o mesmo como uma forma de frear o poder ocidental.

“O recurso ao veto é uma ferramenta absolutamente legítima, estipulada na Carta das Nações Unidas”, declarou Lavrov.

Lavrov denunciou Zelensky, que pretendia recuperar todo o território ocupado pela Rússia em seu país, por não negociar e pediu a intervenção de seu colega americano, que observou Lavrov enquanto ele conversava.

Dirigindo-se ao secretário de Estado americano Antony Blinken, Lavrov disse: "Não acredito que seja muito difícil dar uma ordem para que Zelensky suspenda o decreto" que proíbe as negociações.

Blinken, que havia se reunido com Lavrov antes da guerra para anunciá-lo contra uma invasão, evitou se encontrar com ele desde então. Os dois tampouco têm previsão de reunião em Nova York.

"Tensão desde o começo"
Antes de Zelensky dar a palavra, a Rússia questionou o fato de ele ter sido autorizado a falar primeiro, uma decisão tomada pelo primeiro-ministro de Albânia, Edi Rama, que ocupa a presidência temporária do Conselho de Segurança.

O embaixador russo para a ONU, Vasily Nebenzya, que pediu uma palavra reiteradas algumas vezes, disse a Rama que deixou Zelensky, um ex-comediante, falar primeiro poderia "minar a autoridade do Conselho de Segurança" e torná-lo "um monólogo unipessoal" . Rama respondeu ao enviado russo: "Há uma solução: o senhor interrompeu a guerra e o presidente Zelensky não dará a palavra."

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que abriu a sessão, fez uma dura crítica à Rússia. “A invasão russa da Ucrânia, em clara violação à Carta das Nações Unidas e do direito internacional, está agravando as profundezas e as divisões geopolíticas, ameaçando a estabilidade regional, aumentando a ameaça nuclear e criando fissuras profundas em nosso mundo cada vez mais multipolar” , disse Guterres.

Putin, que não costuma comparecer à ONU, tampouco foi este ano. Além de enfrentar uma ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional, ele tem evitado participar de reuniões de alto nível, onde os ocidentais tentam isolá-lo.

Alguns países em desenvolvimento criticaram a atenção dispensada à Ucrânia, que, somente dos Estados Unidos, recebeu 43 bilhões de dólares (208 bilhões de reais) em ajuda militar.

"Boa conversa"
Zelensky também se reuniu com o presidente brasileiro. “Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para a construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países”, publicou Lula em sua conta no X, antigo Twitter.

Na Assembleia Geral, o presidente brasileiro havia pedido ontem um diálogo para resolver o conflito ucraniano.

“Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será rigorosa se não for baseada no diálogo”, declarou, depois de ter acusado Zelensky, no ano passado, de ser “tão responsável quanto Putin” pela guerra de ter se negado , já como presidente, a fornecer armas para a Ucrânia.

Lula suavizou posteriormente seu discurso e foi oferecido para mediar o conflito.

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