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Guerra na Ucrânia

Zelensky pede 'resposta mundial firme' após massacre de civis em Kramatorsk

O Presidente Volodimir Zelensky fala sobre o bombardeio mortal de sexta-feira (8) contra uma estação ferroviária em KramatorskO Presidente Volodimir Zelensky fala sobre o bombardeio mortal de sexta-feira (8) contra uma estação ferroviária em Kramatorsk - Foto: Ronaldo Schemidt / AFP

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O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu "uma resposta mundial firme" e não apenas uma condenação, após o bombardeio mortal de sexta-feira (8) contra uma estação ferroviária em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, onde muitos civis tentavam fugir de uma iminente operação russa de grande envergadura.

"É mais um crime de guerra da Rússia pelo qual algum dos envolvidos deverá ser responsabilizado", disse Zelensky em mensagem de vídeo após o ataque com míssil que matou 52 pessoas na sexta (8), incluindo cinco crianças.

"As potências mundiais já condenaram o ataque da Rússia a Kramatorsk. Esperamos uma resposta mundial firme contra este crime de guerra", acrescentou.

O presidente americano, Joe Biden, denunciou uma "horrível atrocidade" de Moscou que, por sua vez, negou envolvimento no ataque, assegurando que não dispunha do tipo de míssil usado e que o bombardeio tinha sido uma "provocação" ucraniana.

No entanto, um alto funcionário da Defesa americana destacou que os russos "notificaram inicialmente um ataque exitoso" e que "se retrataram unicamente após informações sobre vítimas civis".

De fato, o ministério russo da Defesa tinha informado na sexta-feira sobre a destruição com mísseis de alta precisão de "armamentos e outros equipamentos militares nas estações de Pokrovsk, Sloviansk e Barbinkove", localidades próximas a Kramatorsk, "capital" da parte do Donbass ainda sob controle de Kiev.

"Por nossos filhos"
O governador da província de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, citado pela agência Interfax, assegurou que se tratou de um míssil tipo Tochka U, com munição de fragmentação.

O míssil caiu por volta das 10H30 locais (04H30 de Brasília), um horário no qual centenas de pessoas vão há dias até a estação esperar um trem para sair do Donbass, cenário desde 2014 de uma guerra entre as forças ucranianas e os separatistas pró-russos.

Em frente à estação havia restos retorcidos do míssil, com a inscrição em russo: "Por nossos filhos", uma frase habitualmente usada pelos separatistas pró-russos do Donbass, em alusão a seus filhos mortos desde os confrontos iniciados em 2014.

Na manhã deste sábado (9), 24 horas depois do bombardeio, as evacuações de civis de Kramatorsk continuavam por estrada. Micro-ônibus e caminhonetes levaram dezenas de sobreviventes do ataque de sexta-feira, que passaram a noite em uma igreja do centro da cidade, perto da estação, comprovaram jornalistas da AFP.

A tragédia coincidiu com a visita à Ucrânia da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, que se deslocaram a Bucha, uma cidade perto de Kiev transformada em símbolo das atrocidades desta guerra.

Ali, após a retirada das forças russas no começo de abril, apareceram dezenas de corpos com trajes civis, alguns com as mãos amarradas nas costas.

"Meu instinto me diz: 'se isto não é um crime de guerra, o que é um crime de guerra?", disse Von der Leyen após a visita. "Vimos com nossos próprios olhos que a destruição nesta cidade tinha como alvo os civis. Os edifícios residenciais não são alvos militares", acrescentou.

Após retirar suas tropas de Kiev e do norte da Ucrânia, a Rússia concentra sua ofensiva no Donbass e na faixa costeira do sul do país. Analistas consideram que o presidente Vladimir Putin quer assumir o controle desta região antes de 9 de maio, quando se comemora o fim da Segunda Guerra Mundial.

As autoridades ucranianas tentam minimizar os danos com evacuações aceleradas de civis no leste ou a imposição de um toque de recolher em Odessa, grande cidade portuária do Mar Negro, diante de "uma ameaça de ataques com mísseis".

Envio de armamento
As novas acusações de crimes contra civis levaram as potências ocidentais a aumentar suas sanções contra a Rússia, excluída na quinta-feira do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

No entanto, as múltiplas medidas econômicas não têm conseguido fragilizar em excesso o rublo, a moeda russa, recuperada da brusca queda inicial graças às exportações de energia e às medidas de controle adotadas pelo Banco Central russo.

De fato, esta entidade inclusive anunciou que a partir de 18 de abril voltará a autorizar a venda de divisas estrangeiras, suspensa no começo de março.

A União Europeia, que decretou a paralisação das importações de carvão da Rússia e o fechamento dos portos aos navios daquele país, aumentou a pressão sobre o Kremlin, incluindo as duas filhas do presidente Vladimir Putin na lista de sancionados.

O Reino Unido fez o mesmo e também acrescentou a filha do ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Mas a Ucrânia solicita especialmente a entrega "imediata" de armas para poder contrabalançar a temida ofensiva russa no leste.

Neste sentido, o Reino Unido anunciou o envio de mais mísseis antitanque e antiaéreos. E a Eslováquia doou a Kiev sistemas de defesa antiaérea S-300, de concepção soviética.

Cada vez mais alvo de acusações por parte de organizações de defesa dos direitos humanos, o ministério russo da Justiça ordenou na sexta o fechamento dos escritórios locais de entidades como Anistia Internacional e Human Rights Watch.

Após um mês e meio de invasão, as repercussões do conflito entre dois grandes exportadores de cereais são sentidas em todo o mundo: a FAO, organização das Nações Unidas, alertou que os preços mundiais dos alimentos chegaram em março "aos níveis mais altos já registrados".

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