guerra na ucrânia

Zelensky pressiona a UE para abrir negociação sobre adesão da Ucrânia ao bloco

Presidente ucraniano afirmou que atraso no processo de entrada do país no bloco seria vitória para Putin

Volodimir Zelensky, presidente da UcrâniaVolodimir Zelensky, presidente da Ucrânia - Foto: Ed Jones/AFP

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, instou os governantes da União Europeia, reunidos em uma cúpula nesta quinta-feira em Bruxelas, a autorizar o início das negociações para a adesão de seu país ao bloco, apesar da expressa oposição da Hungria à entrada. Em um apelo, o ucraniano advertiu os líderes europeus que o momento não permite dúvidas.

"Não deem a ele [Vladimir Putin] sua primeira, e única, vitória deste ano" disse Zelensky aos líderes europeus, afirmando que o presidente da Rússia se aproveitaria de um eventual fracasso da cúpula.

A reunião entre os chefes de governo do continente não tem a adesão à Ucrânia como único tema em pauta. No entanto, a entrada de Kiev no bloco europeu possivelmente é o tema mais sensível, tanto pelas implicações geopolíticas que a medida provocaria, quanto pelas discordâncias internas entre os aliados.

Ao chegar à sede da reunião, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmou de maneira direta que a UE não pode iniciar negociações de adesão com a Ucrânia agora.

"Não há razões para discutir nada, porque as condições prévias (impostas à Ucrânia) não foram cumpridas (...) Não estamos em posição de começar a negociar" declarou Orbán, principal voz dissonante do grupo no momento. — Será necessário voltar ao tema mais tarde, retornar quando as condições forem cumpridas.

Apesar da oposição de Budapeste, os líderes europeus devem apoiar o relatório da Comissão Europeia (o Executivo da UE) que recomenda o início de negociações formais de adesão com Ucrânia e Moldávia. Além da ampliação do bloco, os governantes europeus devem aprovar um grande pacote de ajuda financeira à Ucrânia de 50 bilhões de euros (R$ 268,5 bilhões).

A discussão acontece no momento em que aumentam as dúvidas sobre a continuidade do apoio das potências ocidentais à Ucrânia em sua guerra contra a invasão da Rússia, que começou em fevereiro de 2022.

Em sua chegada à reunião em Bruxelas, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que o apoio do bloco à Ucrânia é uma "questão existencial".

"Penso que a Ucrânia fez um trabalho incrível para cumprir as condições que foram apresentadas" afirmou.

Unidade europeia em jogo
O bloqueio da Hungria à abertura de negociações com a Ucrânia lançou uma densa nuvem de incerteza sobre a cúpula, além de uma forte pressão sobre os líderes. Em uma carta a Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, Orbán chegou a pedir formalmente que a questão da Ucrânia fosse retirada da agenda da reunião, para evitar que a falta de consenso provocasse o fracasso do encontro.

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No entanto, na tarde de quarta-feira, véspera da cúpula, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (R$ 54,8 bilhões) que haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de Direito no país.

Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, admitiu que o desbloqueio de pagamentos coincidiu com um momento inoportuno, mas descartou que esteja relacionado à postura húngara sobre a Ucrânia.

"A percepção é de que trata-se de algum tipo de incentivo para conseguir que a Hungria apoie certas posições. Na realidade, esse não é o caso" afirmou.

O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, deixou claro ao chegar à reunião que seu governo apoia a proposta da Comissão Europeia sobre a ampliação do bloco, "em especial" a necessidade de iniciar negociações de adesão com a Ucrânia.

A sensibilidade da discussão sobre a ampliação do bloco e a adesão da Ucrânia é tão espinhosa que fontes diplomáticas não descartam que a cúpula possa estender-se inclusive até sábado.

O Conselho Europeu também deveria conceder à Geórgia o status formal de país candidato à adesão, enquanto a Bósnia ainda teria de cumprir as condições prévias iniciais para que as negociações de adesão possam começar.

Mesmo que os líderes europeus decidam iniciar negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, o processo demora normalmente vários anos, durante os quais as conversações são ampliadas e as reformas são implementadas, e em alguns casos pode durar mais de uma década.

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