Zelensky promete 'retaliações' por ataque russo à cidade de Odessa que deixou dois mortos
Ataque também danificou a Catedral Ortodoxa da Transfiguração, construída no século XVIII
A Ucrânia prometeu, neste domingo (23), "retaliações" diante do ataque russo à cidade de Odessa, que matou duas pessoas e danificou a catedral ortodoxa, enquanto Vladimir Putin garantiu que a contraofensiva ucraniana "falhou".
O Ministério do Interior da Ucrânia relatou dois mortos e 22 feridos, incluindo quatro menores.
De acordo com as autoridade ucranianas, a Rússia lançou 19 mísseis por terra, mar e ar contra esta cidade do Mar Negro essencial para o trânsito marítimo na região. Nove desses projéteis foram abatidos.
Atiraram "mísseis contra cidades pacíficas, contra casas, contra uma catedral", disse o presidente Volodimir Zelensky. "Haverá retaliações contra os terroristas russos pelo que aconteceu em Odessa", prometeu.
Os mísseis atingiram a Catedral Ortodoxa da Transfiguração, construída no século XVIII no centro histórico de Odessa, sob proteção da Unesco.
Os padres conseguiram resgatar ícones dos escombros dentro do prédio danificado.
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"Houve um ataque direto à catedral e três altares foram completamente danificados", disse o padre Miroslav, vice-reitor do templo. Segundo ele, o prédio está "muito danificado por dentro", e "apenas a torre sineira permaneceu intacta".
A Ucrânia descreveu o ataque como um "crime de guerra" e acrescentou que a catedral "foi destruída duas vezes, por Stalin e por Putin".
O templo foi demolido sob Stalin em 1936 e reconstruído na década de 1990, após a queda da União Soviética.
A Rússia, por sua vez, culpou as defesas aéreas de Kiev pelo que aconteceu na catedral e afirmou ter atingido todos os alvos definidos em Odessa.
No entanto, moradores de Odessa contam que os alvos eram prédios residenciais. "Aqui o que temos são casas. Nada militar", disse à AFP Tetiana, dona de um salão de beleza.
Em uma carta endereçada ao patriarca russo Kirill e publicada nas redes sociais, o arcebispo Viktor, da diocese de Odessa, da Igreja Ortodoxa ucraniana, pediu no domingo para "cessar o derramamento de sangue".
A Unesco condenou "veementemente" os "brutais bombardeios" em Odessa e afirmou que eles "significam uma nova escalada de violência contra o patrimônio cultural da Ucrânia", denunciou Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, agência da ONU para cultura, educação e ciência.
Odessa tem sido repetidamente bombardeada desde que a Rússia se retirou, há uma semana, do acordo que permitia que grãos ucranianos fossem exportados através do Mar Negro.
A contraofensiva ucraniana "fracassou", diz Putin
O bombardeio ocorreu horas antes de uma reunião entre Putin e o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo.
A reunião entre os dois líderes ocorre pela primeira vez desde que Belarus atuou como mediadora para o fim da rebelião do grupo paramilitar Wagner na Rússia, há quatro semanas.
No início do encontro, no Palácio Konstantinovsky, o presidente russo afirmou que a contraofensiva ucraniana lançada no início de junho para tentar recuperar os terrenos invadidos por Moscou a sul e a leste "falhou".
Já Lukashenko atribuiu o incidente com o grupo paramilitar como o maior desafio ao poder de Putin, segundo muitos analistas, e reforçou que está controlando "o que está acontecendo", em menção à presença do grupo Wagner na fronteira com a Polônia.
"Eles pedem para ir para o oeste e me pedem permissão (...) para fazer uma viagem a Varsóvia, a Rzeszow", em território polonês, disse o bielorrusso a Putin, que respondeu com um sorriso. "Mas é claro que os mantenho no centro de Belarus, como combinamos", acrescentou.
Desde o acordo para o fim da rebelião em 24 de junho, os militares do grupo Wagner estão centralizados em Belarus.