Logo Folha de Pernambuco

MUNDO

Zelensky reclama da falta de cronograma para adesão da Ucrânia à Otan

Presidente ucraniano chega à Lituânia, onde acontece cúpula da aliança militar nesta terça (11) e quarta-feira (12)

Presidente ucraniano, Volodymyr ZelenskyPresidente ucraniano, Volodymyr Zelensky - Foto: Nikolay Doychinov / AFP

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que considera "sem precedentes e absurdo" que não seja estabelecido um cronograma para a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). As declarações foram feitas no Twitter pouco antes da chegada do presidente ucraniano a Vilna, na Lituânia, onde acontece a cúpula da aliança, nesta terça (11) e quarta-feira (12).

A presença de Zelensky já era especulada, após uma turnê europeia nos últimos dias para tentar pressionar os países-membros da aliança pela adesão de seu país à organização.

Mais cedo, no Twitter, o presidente voltou a criticar a ausência de um cronograma claro, e disse que os termos que os países-membros buscam adicionar ao documento final com as "condições" para um convite aos ucranianos são "vagos", cenário que "para a Rússia, significa motivação para continuar seu terror".

"Parece que não estão prontos para convidar a Ucrânia ou torná-la integrante da aliança", afirmou Zelensky. "Incerteza é fraqueza. E eu discutirei isso abertamente na cúpula".

O caminho para a entrada de Kiev na organização, contudo, ainda parece ser motivo de divergência. O presidente americano, Joe Biden, em um de seus primeiros compromissos do dia, encontrou-se com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e afirmou em breves comentários que os países-membros "concordam com a linguagem" no comunicado do grupo sobre como abrir caminho para uma futura adesão ucraniana ao grupo. Nos últimos dias, hesitações lideradas pela Alemanha e por Washington, que temem acirrar a guerra, haviam explicitado divergências na aliança.

"Nós concordamos com a linguagem proposta. E com sua proposta relativa ao futuro da Ucrânia no que diz respeito a se juntar à Otan. Defendemos uma Otan contínua e unida" disse Biden a Stoltenberg.

Stoltenberg, que teve seu mandato prorrogado por mais um ano, disse estar “absolutamente certo” de que até o final da semana a Otan mostrará “unidade e uma mensagem forte” sobre a futura adesão da Ucrânia, além de continuar apoiando Kiev com armas, munições e treinamento o tempo que for necessário para combater a invasão russa.

A expansão da Otan para o Leste, nas fronteiras russas, é motivo de críticas constantes do presidente Vladimir Putin e foi citada como motivo para justificar sua invasão. Para justificar sua ofensiva, Putin afirma que com a queda do Muro de Berlim, a aliança havia se comprometido a não se expandir para o Leste Europeu — algo que não foi posto no papel e cuja veracidade é motivo de questionamentos.

O Reino Unido está no meio-termo, defendendo uma formulação que deixe evidente que o lugar ucraniano é dentro da aliança militar criada no fim da Segunda Guerra para conter o avanço da influência soviética em direção ao Ocidente. Os defensores mais ferrenhos da entrada ucraniana estão no Leste, incluindo ex-repúblicas soviéticas e antigos países da Cortina de Ferro, que temem ser os próximos na mira de Putin. Defendem a suspensão das regras para a adesão, frente à situação extraordinária.

"Eu estou convencido de que o caminho para a Ucrânia poderá ser mais rápido do que para outros, mas ainda há um caminho" disse o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter