Ucrânia

Zelensky teme que caos no Congresso dos EUA afete Ucrânia: "tarde demais para nos preocuparmos"

Presidente ucraniano viajou à cidade de Granada, no sul da Espanha, para participar de uma cúpula europeia com o objetivo de fortalecer a cooperação em todo o continente

Zelensky chega para participar da cúpula da Comunidade Política Europeia em Granada, no sul da Espanha Zelensky chega para participar da cúpula da Comunidade Política Europeia em Granada, no sul da Espanha  - Foto: Thomas Coex/AFP

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky expressou preocupação nesta quinta-feira com o fato de que o "difícil" período eleitoral nos Estados Unidos poderia prejudicar a ajuda de Washington à Kiev em meio à invasão russa, em curso desde fevereiro de 2022. Ele viajou à cidade de Granada, no sul da Espanha, para participar de uma cúpula europeia com o objetivo de fortalecer a cooperação em todo o continente.

— Período eleitoral difícil nos Estados Unidos. Há vozes discordantes. Algumas delas são muito perigosas — disse Zelensky ao chegar à cúpula da Comunidade Política Europeia, quando perguntado por repórteres se estava preocupado com uma possível redução da ajuda militar dos EUA. — Acho que é tarde demais para nos preocuparmos. Acho que temos que trabalhar nisso.

O comentário foi feito um dia após o presidente dos EUA, Joe Biden, também expressar preocupação de que a recente turbulência política no Congresso americano possa interromper o fluxo de ajuda de Washington à Ucrânia.

Uma terrível luta pelo poder dentro do Partido Republicano deixou a Câmara sem liderança na terça-feira, paralisando seus trabalhos legislativos pelo menos até a próxima semana.

— Isso me preocupa — disse Biden a repórteres na quarta-feira, quando questionado se estava preocupado com a possibilidade de os Estados Unidos não cumprirem suas promessas de ajuda à Ucrânia como resultado.

Em meio às dúvidas, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou nesta quinta-feira que a Europa não tem capacidade de substituir o apoio dos EUA à Ucrânia.

— Claramente, a Europa não pode substituir os Estados Unidos — disse Borrell ao chegar à cúpula, lembrando que a UE está estudando a criação de um fundo de 20 bilhões de euros ao longo de quatro anos para continuar apoiando o exército ucraniano.

Zelensky, no entanto, se mostrou confiante nesta quinta-feira de que os Estados Unidos continuariam a apoiar os esforços de guerra da Ucrânia, observando que as reuniões com Biden e com os membros do Congresso americano no mês passado foram positivas.

Contexto: Ucrânia diz confiar em apoio dos EUA após Congresso aprovar Orçamento temporário sem previsão de ajuda ao país

Para ele, o "objetivo conjunto" dos que se reuniram em Granada era "garantir a segurança e a estabilidade de nosso lar europeu comum".

"Daremos atenção especial à região do Mar Negro, bem como aos nossos esforços conjuntos para fortalecer a segurança alimentar global e a liberdade de navegação", escreveu o presidente da Ucrânia no X, antigo Twitter. "A principal prioridade da Ucrânia, especialmente com a aproximação do inverno, é fortalecer a defesa aérea."

Kiev já lançou "as bases para novos acordos" com seus parceiros, e está "aguardando sua aprovação e implementação", acrescentou Zelensky.

Espera-se que os líderes da UE discutam a ajuda financeira de longo prazo para a Ucrânia em uma cúpula planejada para o final deste mês em Bruxelas, mas o tópico pode surgir na reunião na Espanha também, disseram diplomatas ao New York Times.

Nesta quinta-feira, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse a repórteres em Granada que o que a Ucrânia precisava era de "previsibilidade e confiabilidade" no apoio orçamentário direto.

— Estou muito confiante no apoio dos Estados Unidos à Ucrânia — declarou. — O que os Estados Unidos estão trabalhando é no momento certo".

A reunião em Granada ocorre em meio a preocupações sobre possíveis fraturas na frente unida da Europa em relação à Ucrânia, já que os governos avaliam os custos econômicos e políticos de fornecer apoio de longo prazo a Kiev.

É apenas a terceira reunião da Comunidade Política Europeia, um encontro pancontinental de líderes de quase 50 países que foi criado após o início da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022. Maior do que a União Europeia de 27 nações, ela inclui países como a Ucrânia e a Moldávia, que estão impacientes com o longo processo para garantir a adesão à UE. Não é um órgão de tomada de decisões, mas sim um fórum para que os líderes troquem opiniões.

No ano passado, na cúpula, Zelensky pressionou para que a Ucrânia se tornasse membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança de defesa ocidental encabeçada pelos EUA.

A União Europeia deu à Ucrânia um caminho para a adesão no ano passado. Mas a adesão é um processo longo e meticuloso, que geralmente leva vários anos, mesmo para nações que não estão em guerra. Espera-se que a UE decida em dezembro se abrirá negociações com Kiev, a próxima etapa do processo e que exigiria o apoio unânime de todos os 27 Estados-membros. 

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