CPI do 8 de Janeiro

8 de Janeiro: relatora diz que suposto envolvimento de Bolsonaro em decreto golpista é "gravíssimo"

Senadora Eliziane Gama afirma que havia 'engenharia traçada' para atentar contra o Estado Democrático de Direito

Senadora Eliziane Gama, relatora da CPI do 8 de janeiro Senadora Eliziane Gama, relatora da CPI do 8 de janeiro  - Foto: Reprodução/ TV Senado

A relatora da CPI de 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), classificou como "gravíssima" a informação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro supostamente participou da elaboração de uma minuta golpista e viu no episódio elementos que configuram o crime de abolição ao Estado Democrático de Direito. O caso consta em um trecho da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e foi revelado pelo Globo nesta quarta-feira.

— A informação que vem à tona sobre a delação de Mauro Cid é gravíssima, pois revelaria os detalhes sobre como se daria a engenharia traçada para tentar abolir o Estado Democrático de Direito. A CPI, ao longo desses meses de investigação, já recebeu outros dados que também sustentam essa operação golpista — afirmou a parlamentar.

Ela deve entregar na semana que vem o relatório final da CPI atribuindo responsabilidades pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Ela não revela os nomes, mas integrantes da base do governo declaram ver elementos suficientes para pedir o indiciamento de Bolsonaro como mentor intelectual dos ataques. Interlocutores da relatora avaliam que o caminho seria solicitar à Procuradoria-Geral da República o aprofundamento das investigações sobre a suposta participação de Bolsonaro na trama. Procurada, a defesa do ex-presidente não quis comentar porque não teve acesso ao conteúdo da delação de Cid.

Para destacar o papel de Bolsonaro, Eliziane relembrou o depoimento do hacker Walter Delgatti dado à comissão. Delgatti relatou que o ex-presidente lhe pediu pessoalmente para assumir um grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o que Bolsonaro nega.

— São fatores importantes que exigem a ampliação de toda essa investigação — diz ela.

Para a base governista, que tem maioria dos votos na CPI, o conteúdo da delação de Mauro Cid reforça a tese de que Bolsonaro deve ser indiciado pela comissão.

— O depoimento é alarmante. Esses atos foram praticados durante o exercício do mandato do ex-presidente. Por isso, é essencial que todos os envolvidos nesses planos antidemocráticos, incluindo o próprio ex-presidente, sejam responsabilizados perante a lei. Há possibilidade de indiciá-lo por organização criminosa, abolição ao Estado Democrático de Direito e incitação a inúmeros crimes — disse o deputado Duarte Júnior (PSB-MA).

Também da ala governista, o deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que a delação de Cid é "peça fundamental" para "elucidar o que foi essa tentativa de golpe e como trabalhou o entorno de Bolsonaro".

— Além de ter conhecimento das tratativas, Bolsonaro atuou fortemente para construir, viabilizar, articular e insuflar a intentona golpista — acusou o parlamentar do PT.

Segundo o depoimento do tenente-coronel, o ex-presidente pediu alteração em uma minuta de documento que determinava a prisão de autoridades e a realização de novas votações no país. A minuta teria sido trazida a ele em meio impresso e digital pelo ex-assessor da Presidência Filipe Martins.

Veja também

X acata ordem judicial e volta a ficar indisponível no Brasil
Justiça

X acata ordem judicial e volta a ficar indisponível no Brasil

Barbalho: Houve sinalização do governo de que MP de R$ 514 mi foi apenas 1ª de outros recursos
RECUROS

Barbalho: Houve sinalização do governo de que MP de R$ 514 mi foi apenas 1ª de outros recursos

Newsletter