8 de janeiro: réus foragidos na Argentina serão incluídos na lista de procurados da Ameripol
Escritório da PF em Buenos Aires também trabalha para inserir os nomes na rede Anfast, que se encarrega da busca ativa de fugitivos na região
A Polícia Federal começa a fechar o cerco aos foragidos da invasão aos três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, que estão na Argentina. O órgão vai incluir os cerca de 60 nomes já identificados em solo argentino na lista de procurados pela Ameripol, a comunidade policial da América, de acordo com informações dadas por homens da força ao jornal La Nacion.
Ainda segundo membros da corporação, o escritório da PF em Buenos Aires está trabalhando para incluir os nomes na rede Anfast, que se encarrega da busca ativa de fugitivos na região. Ela permite que as equipes de busca dos países membros da Ameripol entrem em contato entre si para executar mandados de prisão contra criminosos que fogem de seus países.
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Na quinta-feira, a polícia brasileira tentou capturar, em 18 estados e no Distrito Federal, mais de 200 fugitivos da Operação Lesa Pátria, que investiga os ataques do ano passado, quando as sedes dos três Poderes foram vandalizadas por milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mais de cem pessoas não puderam ser localizadas, e parte delas está na Argentina, asseguram as autoridades. Eles teriam entrado no país vizinho escondidos em veículos, depois de terem rompido as suas tornozeleiras eletrônicas.
Pedido de extradição
A Polícia Federal, chefiada por Andrei Rodrigues, que também é secretário-executivo da Ameripol, formalizará pedidos de extradição contra os fugitivos. Antes de chegar a Buenos Aires, o processo de extradição será coordenado nos próximos dias pela PF em Brasília, juntamente com o Ministério da Justiça, além do Ministério das Relações Exteriores e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma vez que o processo tenha avançado no Brasil, os pedidos formais de extradição serão apresentados às autoridades argentinas pela embaixada brasileira em Buenos Aires, pelas mãos do embaixador Julio Bitelli.
As autoridades argentinas não receberam nenhuma notificação oficial das autoridades brasileiras até esta segunda-feira, informou o La Nacion. “Estamos acompanhando o caso pelos meios de comunicação”, disse uma fonte oficial.
No sábado, a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, negou ter tomado conhecimento da presença de fugitivos no país e disse que o fato é mantido como uma “propaganda” do governo Lula.
Em Brasília, segue a expetativa de saber qual será a resposta do presidente Javier Milei, aliado do ex-presidente Bolsonaro, aos pedidos de extradição. A polícia brasileira identificou que alguns dos fugitivos já pediram refúgio ao governo de Milei.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-mandatário, deslocou-se a Buenos Aires no final de maio para participar num evento organizado por La Libertad Avanza no Congresso. Na ocasião, o parlamentar pediu asilo político para os brasileiros condenados e acusados de tentativa de golpe.
O próprio Jair Bolsonaro, que esteve em Buenos Aires para a posse de Milei, em dezembro, está sendo investigado pela PF por incitar e até planejar os ataques. Agora, o líder de direita e os seus aliados promoveram um projeto de lei de “anistia” para os responsáveis pelos atentados, que apelavam a uma intervenção militar para depor Lula.
O Supremo Tribunal Federal do Brasil condenou até agora 216 pessoas pelos atentados contra as sedes dos três Poderes em 2023, por crimes como associação criminosa e golpe de Estado.