BASTIDORES

A frágil e volúvel base do presidente Lula no Congresso Nacional. Entenda

O resultado adverso é fruto da campanha do próprio Bolsonaro e de líderes da oposição para manter a decisão do ex-mandatário.

Lula tem dificuldades entre parlamentaresLula tem dificuldades entre parlamentares - Foto: Agência Brasil/EBC/Divulgação

A derrota do Governo Lula, ontem, ao projeto que transforma em crime a disseminação de informação falsa em campanha eleitoral, reafirmou a velha ladainha: é muito frágil a base do presidente Lula no Congresso. O veto de Lula foi barrado por 317 votos e o Governo só teve 139 votos.

O resultado adverso é fruto da campanha do próprio Bolsonaro e de líderes da oposição para manter a decisão do ex-mandatário. Seguindo numa linha similar à campanha contra o projeto de lei das fake news, deputados e senadores até batizaram a iniciativa de “vetos da liberdade”. Pouco antes da divulgação do resultado, bolsonaristas gritaram “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.

“Não podemos criar um mecanismo para colocar censura. Vivemos num momento em que se pratica censura com extensão maior. Não apenas em relação ao conteúdo, mas censura prévia”, argumentou o senador Marcos Rogério (PL-RO). Assim como aconteceu em 2023, Bolsonaro trava uma disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos bastidores e conversa com deputados e senadores para tentar impor sucessivas derrotas ao governo.

Isso aconteceu, por exemplo, no final do ano passado, quando o ex-presidente procurou membros do Congresso Nacional para derrubar a reforma tributária. Naquele episódio, ele saiu derrotado. “Ele é a maior liderança da direita. É natural que ele converse (com as pessoas)”, afirmou Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição do Senado.

 

Quando um presidente da República veta trechos de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, cabe ao parlamento analisar os vetos e definir se eles serão efetivados na redação final ou derrubados. Um dos artigos vetados por Bolsonaro define como crime a comunicação enganosa em massa, ou seja, a promoção e o financiamento para disseminação de fatos inverídicos. A pena estipulada para essa transgressão era de reclusão de 1 a 5 anos e multa.

“Bem como enseja dúvida se o crime seria continuado ou permanente, ou mesmo se haveria um ‘tribunal da verdade’ para definir o que viria a ser entendido por inverídico a ponto de constituir um crime punível pelo Código Penal, o que acaba por provocar enorme insegurança jurídica”, justificou o ex-presidente.

 

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