Abin não afastou servidores que tentaram vincular STF a facção do Rio
PF identificou quatro núcleos em "organização criminosa"; quatro funcionários e um advogado integravam o "Evento Portaria 157", que tinha como objetivo associar ministros ao PCC
Quatro servidores que teriam tentado vincular ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a uma facção criminosa de São Paulo ainda não foram exonerados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a investigação da Polícia Federal, Ottoney Santos, Thiago Quinalia, Renato Araújo, Rodolfo Nascimento e Ricardo Macedo integravam o núcleo "Portaria 157", que tinha como objetivo associar atividades da mais alta Corte do país ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Três entre esses cinco nomes são servidores que foram aprovados no último concurso da Abin, em 2018, e eram recém nomeados quando integraram a operação. As exceções são o ex-superintendente Ottoney Santos e o advogado Ricardo Macedo, que atua como assistente parlamentar júnior no gabinete do senador Alan Rick (União -AC). Essa informação foi inicialmente divulgada pelo portal Metrópoles e confirmada pelo Globo.
O núcleo da "Portaria 157" tinha o intuito oficial de obter informações sobre a atuação de uma ONG de direitos humanos. A PF, contudo, aponta que a real finalidade é divergente:
"A atuação do NÚCLEO-EVENTO PORTARIA 157 caracteriza outra evidência de instrumentalização da ABIN, pois identificou anotações cujo conteúdo remete à tentativa de associação de Deputados Federais – , bem como Ministros do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, à organização criminosa conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital)", diz trecho de despacho assinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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Sobre a atuação de funcionários recém-nomeados, a investigação aponta que a direção da Abin se aproveitava da inexperiência dos servidores para solicitar consultas ilegais.
Funcionário do senador Alan Rick, o advogado Ricardo Macedo seria o autor de um relatório intitulado "Prévia Nini.docx", que tentava correlacionar os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
Em nota, Alan Rick afirmou não ter "qualquer gerência" sobre atividades privadas dos seus servidores e diz crer em um "mal entendido". "Confio plenamente na justiça e tenho certeza que as investigações demonstrarão que a veiculação do nome dele nessa investigação não passa de um mal entendido e tudo será devidamente esclarecido", diz.