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INVESTIGAÇÃO

Abin paralela: assessor parlamentar preso presta depoimento na Polícia Federal

Investigação aponta Daniel Ribeiro Lemos como uma espécie de "influencer" das notícias falsas

Sede da Polícia FederalSede da Polícia Federal - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Polícia Federal colhe na tarde desta quinta-feira (9) o depoimento do assessor parlamentar Daniel Ribeiro Lemos, um dos alvos da investigação que apura monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Jair Bolsonaro.

Lemos foi preso hoje no âmbito da 5ª fase da operação "Última Milha". Segundo relatório da Polícia Federal, Lemos fazia interface “entre os vetores de propagação de desinformação e o núcleo-estrutura paralela, em especial, a célula atuante na Presidência da República”.

A investigação aponta que ele atuava como uma espécie de “influencer” que recebia notícias falsas produzidas por um núcleo da própria Abin Paralela. O assessor foi preso porque continuava exercendo a atividade de propagar fake news nas redes sociais para integrantes do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O portal de transparência da Câmara mostra que ele é assessor do deputado federal Pedro Jr (PL-TO). Por meio de nota, o parlamentar afirmou que determinou a exoneração do servidor, assim que ficou sabendo de sua prisão.

"É com grande preocupação e seriedade que recebi a notícia da prisão do Sr. Daniel Ribeiro Lemos, que atuava como assessor em meu gabinete. Diante desse fato, reafirmo meu compromisso com a ética e a legalidade em todas as minhas ações e nas ações de todos aqueles que colaboram com o meu mandato", afirmou, acrescentando:

"Acredito na importância de um processo justo e transparente, onde todos têm o direito de defesa e o dever de cumprir a lei. Reitero que não compactuo com qualquer tipo de irregularidade, desvio de conduta, nem com a propagação de fake news ou desinformação."

Por meio de nota, a PF diz que "um dos suspeitos recebia conteúdos de desinformação produzidos pela organização criminosa e os disseminava valendo-se de seu acesso ao parlamento federal". "O material também era enviado a agentes estrangeiros, induzindo-os ao erro. Mesmo após a desarticulação do grupo, ele continuou difundindo notícias falsas por meio de redes sociais".

O uso da tecnologia israelense para monitorar alvos em todo o país foi revelado pelo GLOBO, em março do ano passado. Desde então, foram identificados alvos como membros da cúpula do Judiciário, da Câmara dos Deputados, além de jornalistas.

Como revelou O Globo, a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio dos aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.

De acordo com a PF, além de policiais federais e servidores da Abin, o então diretor da pasta à época, Alexandre Ramagem, e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro são investigados por suposta participação na chamada “Abin paralela”. Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão em janeiro deste ano. Ambos negam ter cometido irregularidades.

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