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Abin paralela: programa espião usado indevidamente gerou 21,3 mil localizações

Operação desta segunda-feira atingiu vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. PF aponta que Carlos integrava núcleo politico de organização

Fachada da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, em Brasília Fachada da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, em Brasília  - Foto: Reprodução / Abin

A investigação da Polícia Federal que aponta para a existência de uma organização criminosa que montou uma rede ilegal de espionagem dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apurou que o programa espião FirstMile usado pelo grupo investigado realizou 60,7 acessos entre 2019 e 2021, e, deste total, conseguiu 21,3 mil localizações de dispositivos móveis.

A informação foi obtida por perícias feitas pela PF da ferramenta. Reportagem do Globo, de março do ano passado, mostrou que a Abin utilizou o programa secreto para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Após a reportagem, publicada em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

Segundo investigação da PF, o uso for FirstMile foi intensificado em outubro de 2020, período eleitoral. Na ocasião, foram realizadas 30,3 mil consultas, metade de todos os acessos feitos entre 2019 e 2021.

Nesta segunda-feira, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi um dos alvos da operação da PF, que aponta que ele integrava o núcleo político da organização criminosa instalada na Abin. O então diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), que hoje é deputado federal, é figura próxima do vereador e foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira da semana passada.

A polícia suspeita que a ferramenta era utilizada para monitorar de forma ilegal desafetos políticos de Bolsonaro e seu entorno, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e ministros do Supremo Tribunal Federal.

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