Advogada de Élcio de Queiroz chora após alegações: "Não esperava ter que fazer o júri'"
Ana Paula Cordeiro chegou a trocar o nome do ex-PM pelo de Anderson Gomes duas vezes; ela afirmou que assumiu a responsabilidade porque "todos têm direito a uma pena justa"
Um burburinho no plenário durante o julgamento dos réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, chamou atenção durante a sustentação das defesas.
Nervosa, a advogada Ana Paula Cordeiro, que defende o ex-PM Élcio, chegou a trocar o nome do Anderson pelo do cliente por duas vezes. No plenário, algumas pessoas riram do equívoco. Ela pediu desculpas aos presentes e, ao terminar suas alegações, chorou.
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Era o primeiro júri de Ana Paula, chamada para ajudar Élcio, primeiro a delatar, em sua colaboração premiada:
— Assumi a responsabilidade deste, caso com o compromisso inicial de negociar um acordo de colaboração. Não esperava ter que fazer o júri. No entanto, decidi assumir essa responsabilidade, pois todos têm direito a uma pena justa — explicou a advogada, após o intervalo do almoço autorizado pela juíza Lúcia Glioche, que preside os atos do julgamento, com o apoio do juiz-auxiliar Gustavo Kalil.
Ana Paula defendeu seu cliente, tentado alertar os sete jurados sob a individualização da pena.
— Élcio não tinha motivos para matar Marielle. Ele não atuou na receptação do Cobalt — defendeu a advogada do motorista da emboscada.
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Assim como seu colega Saulo Carvalho, advogado de Ronnie Lessa, cada um está por si. Os dois réus foram abandonados por suas defesas após a delação premiada. Do lado da acusação, há cinco promotores e cinco assistentes de acusação, representados por defensores públicos, conforme ressaltado por Ana Paula.
Depois de sua argumentação, a advogada de Élcio recebeu o abraço de defensores públicos.
Outro assunto que suscitou conversas paralelas foi quando o advogado de Lessa disse que houve pesquisas por Marielle e Anderson.
Na verdade, não há notícias no processo de que houve buscas ao nome do motorista, vítima do atentado.
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Após os debates, o clima entre os promotores e defensores era de que a batalha estava ganha: ambos seriam condenados.
Ambos os advogados não estão pedindo a absolvição de Lessa e Élcio, mas que não fossem levadas em conta algumas qualificadoras do crime, que causam aumento da pena, como o motivo torpe, ou seja, repugnante, e o fator surpresa, no caso, a emboscada, o que não permitiu a reação da vítima.
No acordo de colaboração premiada de Lessa e Élcio, consta que ambos só poderão ficar até 18 anos presos em regime fechado, se condenados pela morte de Marielle e Anderson.
Como ninguém pode passar dos 30 anos presos, conforme previsão legal, caso a pena ultrapasse, eles teriam direito a cumprir a pena em regime aberto ou semiaberto. O acordo foi feito no entorno do regime de cumprimento de pena.