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Advogado de Bolsonaro tenta desvincular caso de 8 de janeiro; veja 3 pontos do argumento da defesa

Segundo a defesa, a inclusão da chamada minuta do golpe à ação, encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres, é uma extrapolação do pedido inicial da ação proposta pelo PDT

Tarcísio Vieira de Carvalho, advogado de Bolsonaro, durante julgamento no TSETarcísio Vieira de Carvalho, advogado de Bolsonaro, durante julgamento no TSE - Foto: Reprodução/TSE

Ao defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) das acusações de abuso de poder político pela realização de uma reunião com embaixadores em julho de 2022, o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho explorou dois argumentos principais. A rejeição da ideia de que o encontro com os estrangeiros tenha resultado nos ataques golpistas de 8 de janeiro e a inclusão posterior de fatos à ação, como a chamada "minuta do golpe".

— Não dá para dizer que a reunião com os embaixadores foi o acender de um rastilho de pólvora que resultou nos atos de 8 de janeiro — sustentou Tarcísio, da tribuna.

Veja os principais argumentos do advogado:

'Diálogo institucional'
Aos ministros, o advogado classificou a reunião com os embaixadores como "franciscana", "para tratar dentro de um diálogo institucional". No encontro, Bolsonaro fez uma série de ataques às urnas eletrônicas, ao sistema eleitoral e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Não está em julgamento, portanto, aqui nesse processo a validade, por exemplo, de um processo de direita para a vida política da nação. Nada disso está em julgamento, está em julgamento a reunião com os embaixadores, havida muito antes do início do período eleitoral, em que o presidente, sim, talvez em tom inadequado, ácido, excessivamente contundente, fez colocações sobre sistema eleitoral, aprimoramentos necessários sobre sistema de colhimento de votos — apontou.

Fatos distintos
Ainda segundo a defesa, a inclusão da chamada minuta do golpe à ação, encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres, é uma extrapolação do pedido inicial da ação proposta pelo PDT. Segundo Tarcísio, a medida é exatamente o que levou à rejeição, em 2017, da ação de investigação eleitoral que pedia a cassação da chapa Dilma-Temer.

— No caso Dilma e Temer, a situação não é semelhante, é idêntica. Havia referência na petição inicial de caixa 2 e o tribunal disse: "não podem ser levados para dentro do processo os achados posteriores". Se disse, "na presente ação serão apreciadas as provas produzidas até a estabilização da demanda" — argumenta.

A Justiça Eleitoral absolveu a aliança entre Dilma Rousseff e Michel Temer dos crimes de abuso de poder político e econômico. Na época, a maioria dos ministros, incluindo Tarcísio Vieira, votou por não admitir as provas de caixa dois relatadas nas delações dos executivos da Odebrecht e de ex-marqueteiros do PT. Isso enfraqueceu a ação.

Liberdade de expressão
Vieira de Carvalho também argumentou que o discurso feito por Bolsonaro na época sobre as urnas "vai ao encontro do que pensam milhões de brasileiros" sobre a segurança das urnas eletrônicas. Segundo o advogado, trata-se de liberdade de expressão.

Movida pelo PDT, a ação trata de uma reunião na qual Bolsonaro convocou embaixadores para atacar sem provas o sistema eleitoral brasileiro, em julho de 2022.

— Alguém que pretensamente vai praticar um golpe vai perder tempo em desacreditar a Justiça Eleitoral e disputar as eleições? — questionou o defensor ao fim da sua apresentação.

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