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DEFESA

Advogado de Braga Netto diz que Mauro Cid é ''mentiroso contumaz'' e quer acareação com delator

Ele sugeriu ainda que a delação premiada do tenente-coronel, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, teria sido feita sob coação policial

General Braga Netto foi preso por determinação do ministro Alexandre de MoraesGeneral Braga Netto foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes - Foto: Isac Nóbrega/PR

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O advogado do general da reserva Walter Souza Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, afirmou nesta sexta-feira, 27, que o tenente-coronel Mauro Cid é um "mentiroso contumaz". Ele também declarou que pretende solicitar uma acareação - procedimento utilizado para confrontar informações prestadas à Justiça - entre seu cliente e Cid.

O acordo de delação premiada de Cid é peça no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado, no qual Braga Netto é investigado.

Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, o criminalista afirmou também que, após o Ministério Público Federal (MPF) apresentar a denúncia e os investigados se tornarem efetivamente réus, a participação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no processo será questionada.

De acordo com Lima, o motivo é o fato de o ministro ser parte envolvida como vítima, uma vez que o plano de golpe previa o assassinato de Moares.

"Caso ele (Alexandre de Moares) participe do julgamento, no momento oportuno, terei que alegar a nulidade do julgamento com base em uma defesa técnica", disse Lima, acrescentando que sua preocupação é que o julgamento não seja político, mas, sim, técnico "Realmente não fico confortável, após a apresentação da denúncia, que o ministro Alexandre de Moraes, que teria sido vítima desse suposto golpe, atue no julgamento", afirmou.

José Luis Oliveira Lima, conhecido como Juca, esclareceu também que solicitará o procedimento de apuração dos fatos assim que tiver acesso aos autos.

"Vou pedir uma acareação entre Braga Netto e o Cid. Quero os dois ali, um na frente do outro", disse.

DELAÇÃO PREMIADA
Ele sugeriu ainda que a delação premiada do tenente-coronel, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, teria sido feita sob coação policial, após Cid permanecer preso por mais de 100 dias.

Durante a entrevista, também afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes de prender Braga Netto sob a acusação de obstrução da Justiça é "desprovida de prova concreta". Ele argumentou que o ministro teria sido induzido ao erro por um relatório enviesado produzido pela Polícia Federal.

"Preciso registrar, evidentemente, o meu respeito pelo Supremo, pela Polícia Federal e pelo ministro Alexandre de Moraes... (Mas Moraes) é humano, e humano também erra", declarou o advogado, que conta com mais de três décadas de experiência e trânsito nos tribunais superiores do País.

Lima já trabalhou em casos de grande repercussão. Ele defendeu nomes como o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães e o humorista Marcius Melhem.

Porém, ao ser questionado por jornalistas, o advogado evitou responder diretamente. Durante a entrevista, Lima indicou que a defesa de Braga Netto tentará desacreditar a delação premiada de Cid, tratando o tenente-coronel como mentiroso.

O advogado foi lembrado de que as acusações contra o general não se baseiam apenas nas declarações de Cid, mas também em documentos e provas concretas.

Um exemplo citado foi uma conversa entre Braga Netto e um agitador, no contexto de pressionar comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe para manter Jair Bolsonaro no poder.

Quando confrontado com essas provas, o advogado se esquivou, afirmando não ter tido acesso aos autos e que, se entrasse nesse debate, estaria atuando como comentarista, não como advogado.

Ele também afirmou ter conversado com Braga Netto apenas cinco vezes e estar à frente da defesa do general há apenas dez dias. Em entrevista ao canal GloboNews, Lima repetiu a declaração feita ao Estadão, dizendo que não pretende utilizar uma delação premiada como estratégia de defesa.

Segundo o advogado, como seu cliente não cometeu crime, não há o que ser delatado.

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