Advogado de Queiroz é o mesmo da família de Adriano da Nóbrega, miliciano morto no início do ano
O advogado Paulo Catta Preta, que assumiu a defesa de Fabrício Queiroz nesta quinta-feira (18), afirmou que deve pedir a soltura do ex-assessor de Flávio Bolsonaro em razão de sua condição de saúde. Catta Preta é também advogado da família de Adriano da Nóbrega, miliciano morto no início do ano ligado ao gabinete de Flávio. O ex-PM era amigo de Queiroz, com quem atuou no início dos anos 2000.
"Possivelmente vou pedir a soltura. Mas ainda não tive acesso à decisão e ainda dependo disso", disse Catta Preta. Ele declarou que espera conversar com o ex-assessor de Flávio no presídio de Benfica, para onde ele foi levado. Queiroz foi diagnosticado com câncer no intestino no fim de 2018 e submetido a operação, serviço pelo qual pagou em dinheiro vivo. Ele fez tratamento no Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein.
O advogado afirmou que foi contactado pela família de Queiroz "há dez, 15 dias", para atuar no caso. Ele diz ter conversado apenas uma vez com o ex-assessor de Flávio. "Não sabia onde ele estava", disse o advogado. Queiroz foi preso nesta quinta, numa casa em Atibaia de propriedade de Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos Flávio e Carlos. Segundo o caseiro da residência afirmou à polícia, ele estava há cerca de um ano no local.
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A família Bolsonaro afirma há um ano e meio não saber onde estava Queiroz, que não foi a ao menos quatro depoimentos marcados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro no âmbito da investigação sobre a suposta "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa.
Catta Preta segue atuando como advogado da família de Adriano, incluindo a mãe do ex-PM, Raimunda Veras Magalhães. Ela também é investigada no esquema da rachadinha, por ter sido assessora de Flávio na Assembleia. Além da mãe do miliciano, o senador também empregou a ex-mulher de Adriano, Danielle Mendonça da Costa. A quebra do sigilo bancário deferida pela Justiça em abril identificou que parte dos valores repassados a Queiroz passaram por contas controladas pelo miliciano.
Flávio é investigado desde janeiro de 2018 sob a suspeita de recolher parte do salário de seus subordinados na Assembleia do Rio de 2007 a 2018. Os crimes em apuração são peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
A apuração relacionada ao senador começou após relatório do antigo Coaf, hoje ligado ao Banco Central, indicar movimentação financeira atípica de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor e amigo do presidente Jair Bolsonaro.
Além do volume movimentado, de R$ 1,2 milhão em um ano, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento de servidores da Assembleia. Queiroz afirmou que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem conhecimento do então deputado estadual. A sua defesa, contudo, nunca apontou os beneficiários finais dos valores.
Em abril do ano passado, a Justiça autorizou as quebras de sigilo bancário de Flávio, sua mulher, Queiroz e outras 101 pessoas físicas e jurídicas. Os alvos eram ex-funcionários e pessoas que compraram ou venderam imóveis para o senador nos últimos anos.Em dezembro, o magistrado autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão em 24 locais, incluindo a franquia da Kopenhagen em que o senador é um dos sócios.