Afastado do cargo e alvo de pedidos de impeachment, Ibaneis está isolado no MDB
Reeleito em outubro em primeiro turno ao governo do Distrito Federal , Ibaneis tem expulsão do partido defendida pelo senador Renan Calheiros
Afastado do cargo por 90 dias pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos atos terroristas em Brasília, o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha vive um isolamento político dentro do MDB, seu partido, e pode se tornar alvo de um processo de expulsão. Nesta segunda-feira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que defenderá a saída de Ibaneis da sigla. Um requerimento pela desfiliação do governador, contudo, ainda não foi submetido à executiva nacional do MDB.
Desde a eclosão do caos na capital federal com a invasão do Congresso, Palácio do Planalto e STF por vândalos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, Ibaneis não recebeu o apoio público de nenhum expoente do MDB. Segundo O Globo apurou, também foram poucas as manifestações de solidariedade de integrantes da sigla de modo privado.
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Integrantes do MDB afirmam que a situação de Ibaneis é muito desconfortável na sigla. E observam que o isolamento atual é fruto da postura do próprio governador afastado, que buscou uma atuação política independente. Ou seja, agora na hora em que o respaldo do partido poderia ajudá-lo a enfrentar a crise, ele não tem laços com os correligionários.
Antes de ser afastado do governo por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia decretado uma intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Ibaneis ainda é alvo de quatro pedidos de impeachment por deputados distritais e partidos de oposição, que o acusam de crime de responsabilidade e abolição violenta do Estado de direito, pelo Código Penal.
Em uma tentativa de se blindar da repercussão dos estragos, Ibaneis, ainda no cargo, exonerou o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres. Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, ele está em Orlando, nos Estados Unidos, onde também está o ex-presidente. Ainda na noite de domingo foi divulgado um áudio em que o secretário de Segurança Pública em exercício, Fernando de Sousa Oliveira, dizia ao governador que a manifestação era “bem pacífica” e “tudo tranquilo”. A mensagem de voz foi enviada uma hora antes do início da invasão.
Na lista de queixas de emedebistas, está o fato de Ibaneis ter declarado apoio nas eleições de 2022 ao então presidente Jair Bolsonaro, mesmo com o MDB lançando a senadora Simone Tebet (MS) ao Palácio do Planalto. Na semana passada, o governador, mesmo estando em Brasília, não compareceu às posses de integrantes do MDB como ministros, entre eles Renan Filho (Transportes), Simone Tebet (Planejamento) e Jader Filho (Cidades).
Ibaneis também já tinha uma indisposição com o presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP). Em 2021, quando Baleia se lançou à presidência da Câmara, Ibaneis optou por apoiar Arthur Lira (PP-AL).
Apesar de reeleito para o segundo mandato em primeiro turno, Ibaneis é apontado como “imaturo politicamente.” Advogado, ele se ligou ao MDB apenas em 2017, levado para a sigla pelo deputado Tadeu Filipelli.