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Política

Alas de PSB e PDT repetem votos alinhados a Bolsonaro na Câmara

Oito deputados das siglas defenderam texto que libera mineração em terras indígenas; parte deles deve mudar de partido

Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados  - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A aprovação na Câmara do requerimento de urgência do projeto que libera a mineração em terras indígenas, na última semana, expôs um comportamento comum a alas de PSB e PDT: alguns deputados não seguem a orientação das lideranças e votam junto com a base do presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto outros partidos de esquerda, como PT, PSOL e PCdoB, costumam se posicionar em bloco, entre os pessebistas e pedetistas as “traições” são frequentes e já resultaram em suspensões — e devem culminar em migrações na janela partidária.

Recentemente, parlamentares de PDT e PSB votaram a favor de projetos de interesse de Bolsonaro, como o voto impresso, a autonomia do Banco Central e a emenda à Constituição que permitiu o adiamento do pagamento de precatórios. A crise com essas alas dissidentes remonta a 2019, quando o racha ficou exposto com a aprovação da reforma da Previdência — na ocasião, tanto PDT quanto PSB puniram deputados que votaram a favor do texto.

Na semana passada, apesar da orientação contra o regime de urgência da proposta da mineração em terras indígenas, quatro membros de cada sigla contrariaram a recomendação: Alex Santana (PDT-BA), Flávia Morais (PDT-GO), Flávio Nogueira (PDT-PI), Marlon Santos (PDT-RS), Felipe Carreras (PSB-PE), Jefferson Campos (PSB-SP), Liziane Bayer (PSB-RS) e Rosana Valle (PSB-SP). Pré-candidato ao governo do Rio, Marcelo Freixo (PSB-RJ) fez uma crítica indireta ao reforçar nas redes que se posicionou contra.

Há nesse grupo dissidentes contumazes das recomendações dos partidos. Um deles é o deputado e pastor evangélico Alex Santana, do PDT. Ele já posou para fotos e vídeos ao lado de Bolsonaro e agora negocia sua ida para o PL. Outro é Flávio Nogueira, que foi punido pelo partido e privado de exercer plenamente seu mandato, como ocupar relatorias e funções de relevância em comissões temáticas, após votar a favor da reforma da Previdência em 2019. Uma das possibilidades agora é que ele se filie ao MDB.

No PSB, Liziane Bayer e Rosana Valle são nomes que integram a ala “à direita” do partido. Ambas foram alvos de processos na comissão de ética da sigla e tiveram atividades partidárias suspensas por conta de suas atuações parlamentares. Elas devem deixar a agremiação, mas ainda não definiram as novas filiações.

Em novembro do ano passado, PDT e PSB deram 25 votos decisivos na votação em 1º turno da PEC dos Precatórios, proposta pelo governo Bolsonaro para limitar o valor de despesas anuais com o pagamento deste tipo de dívida. No PDT, a posição dos parlamentares deflagrou uma crise que levou o presidenciável Ciro Gomes a deixar sua candidatura “em suspenso” por causa da postura da bancada do partido na votação.

Após a pressão de Ciro, dez parlamentares do PDT mudaram de ideia, mas cinco seguiram votando com o governo no segundo turno da PEC na Câmara, contribuindo para aprovar a proposta da equipe econômica de Bolsonaro. O PSB chegou a puxar uma reunião da executiva nacional para reverter os votos, porém, dos dez deputados que haviam votado “sim”, nove mantiveram suas posições a favor do projeto.

Até mesmo na votação da PEC do voto impresso, uma das agendas defendidas com mais afinco por Bolsonaro e seus seguidores — e criticada pela esquerda —, alas dos partidos acompanharam a base governista. A proposta foi derrotada por não chegar aos 308 votos necessários para ser aprovada, mas teve seis votos favoráveis do PDT e 11 do PSB.

Já em fevereiro de 2021, a Câmara aprovou, com 339 votos favoráveis e 144 contrários o projeto que confere autonomia ao Banco Central, uma pauta considerada prioritária pela equipe econômica do governo federal. No PDT, foram três votos a favor e 26 contra. Já no PSB, a divisão foi maior, com 11 a favor e 30 contra.

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