Alepe promove ato solene em homenagem às vítimas do Holocausto
Sessão proposta por Antonio Coelho reúne autoridades e comunidade judaica em ato de solidariedade e valorização dos direitos humanos
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizou nesta terça-feira (8) uma reunião solene em memória às vítimas do Holocausto. A homenagem foi proposta pelo deputado Antonio Coelho (União Brasil) e visa manter viva a lembrança de um dos episódios mais sombrios da história da humanidade, reforçando a importância da tolerância, da paz e da defesa dos direitos humanos.
A ocasião reuniu o deputado Coronel Alberto Feitosa (PL), que presidiu a mesa representando o presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB); o deputado Antonio Coelho; o presidente da Federação Israelita de Pernambuco (Fipe), Boris Berenstein; a diretora da Fipe, Sônia Sette; além da cônsul-geral dos Estados Unidos no Recife, May Baptista; do cônsul honorário das Filipinas em Recife, Sérgio Kano; e do cônsul-geral da Alemanha, Felix Sterr. Membros da comunidade judaica do estado também marcaram presença.
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Feitosa parabenizou Coelho pela iniciativa da solenidade, que foi aprovada por unanimidade pelos deputados da Casa. “A homenagem de hoje é mais que justa. A capital pernambucana é sede da primeira sinagoga das Américas (Kahal Zur Israel), fundada no século XVII. Hoje, esse local é um centro que resgata a história do povo judeu, vítima de um dos capítulos mais tristes da história mundial: o Holocausto”, pontuou.
Ideia
O deputado Antonio Coelho comentou que a iniciativa surgiu após uma conversa com Boris, durante a qual foi lembrado sobre a tradição que a Assembleia Legislativa de Pernambuco mantém de realizar anualmente uma sessão solene em memória às vítimas do Holocausto.
Para o parlamentar, a homenagem é uma forma de prestar solidariedade ao povo judeu, diante de um dos episódios mais trágicos da história da humanidade. “Mas também é uma oportunidade para manifestarmos, enquanto Assembleia e enquanto Estado de Pernambuco, nossa solidariedade com o povo judeu diante desse trágico capítulo da sua história”, disse.
Ele afirmou que, além de recordar as vítimas, a cerimônia também serve como um lembrete da importância da tolerância religiosa em uma democracia e em uma república. “Isso favorece a todos. Quando respeitamos uma minoria, uma comunidade que não pertence à maioria do Brasil, estamos, na verdade, exercendo a democracia e fortalecendo a República”, completou.
Homenagem
Na cerimônia, os representantes da Fipe receberam uma placa da Alepe, simbolizando o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, reconhecido mundialmente em 27 de janeiro.
Filho de sobrevivente do Holocausto, o presidente da Federação Israelita de Pernambuco, Boris Berenstein, discursou com emoção na tribuna.
“Falar sobre essa tragédia nunca é fácil, mas, para mim, hoje é ainda mais difícil. Minha mãe sobreviveu a um campo de caminhadas forçadas. Ela sobreviveu porque, mesmo diante do horror, acreditava na vida. E foi essa crença que guiou os sobreviventes que, após perderem tudo, reconstruíram suas vidas, suas famílias, suas comunidades. Alguns vieram para o Brasil, para Pernambuco, e ajudaram a tornar este estado e este país mais fortes, mais justos, mais humanos.”
Berenstein ainda reforçou como a democracia, a liberdade e a dignidade humana são valores que se protegem com a verdade. “Que este momento não seja apenas um ato solene, mas um chamado à consciência. À educação. À lembrança que nos fortalece e nos une. Vamos transformar a dor em memória, a tristeza em união e o luto em um compromisso de nunca esquecer”, finalizou.
Ao final do discurso, Boris presenteou os deputados da mesa com um exemplar do livro “A história dos judeus em Pernambuco”, do autor Jacques Ribemboim.